Novos diálogos

Mostra Dialetos apresenta a partir de hoje, na Galeria Frei Confaloni, trabalhos de artistas contemporâneos do Centro-Oeste

Rodrigo Alves

02 de agosto de 2012 (quinta-feira)

O trabalho de 20 novos talentos das artes plásticas do Centro-Oeste ficará em exposição de hoje a 6 de setembro, na Galeria de Arte Frei Confaloni, durante a mostra Dialetos. Goiânia é a segunda cidade a receber a seleção de arte contemporânea, que esteve em cartaz entre março e maio no Museu de Arte Contemporânea (Marco) de Campo Grande. De acordo com o curador e realizador da mostra, Paulo Henrique Silva, entre os finais de setembro e outubro, ainda haverá uma terceira montagem da mostra na Galeria Antônio Sibassoly, em Anápolis. Na capital goiana, a entrada é franca.

A concepção da mostra, segundo o curador, é oferecer oportunidades a artistas que ainda não têm espaço no fechado mercado de artes e que estão em processo de conformação de suas obras. “A ideia é fugir do círculo vicioso que faz com que artistas novos se tornem reféns de um sistema que requer determinadas chancelas para ganhar espaço”, explica Paulo Henrique, que montou a exposição de maneira independente. Ainda de acordo com ele, outro intuito está na itinerância do projeto dentro da Região Centro-Oeste, prevista desde o início. “Busquei parcerias com os espaços, mas com a proposta de se desprender da dependência do poder público, ainda tão comum”, observa.

Entre as obras selecionadas há representantes de Goiás, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal. “Só não foi possível conseguir apoio no Mato Grosso”, explica. Para ir atrás dos artistas a fim de convidá-los ao processo de seleção sob sua curadoria, Paulo Henrique, que também é artista plástico, teve importantes auxílios. Um deles foi do museu de Campo Grande, que forneceu contatos de artistas sul-matogrossense. Outro foi o curador Matias Monteiro, mapeador da Região Centro-Oeste do programa Rumos Itaú Cultural para as artes visuais.

Um terceiro ponto de contato de Paulo Henrique, este já com o mercado goiano, foi o Salão Anapolino de Artes – neste momento em cartaz em Anápolis –, do qual ele também faz a curadoria. A Faculdade de Artes Visuais (FAV) da UFG também contribuiu para o contato com artistas goianos. “A mostra tem a intenção de reforçar o processo de consolidação de artistas, para que não fiquem à mercê das pobres políticas públicas voltada para as artes visuais”, completa.

VARIAÇÕES

Entre os 20 trabalhos e artistas selecionados, há uma variedade de técnicas, muitas com novos conceitos. Na pintura de Ana Ruas, por exemplo, conforme destaca o curador no material de apresentação, há uma investigação sobre tecidos florais, com nova organização conceitual de imagens. Nos grandes formatos de Diogo Miranda, está o cromatismo para representar relações de tensão. A linguagem expressionista e a figuração humana estão nos trabalhos de Camila Soato e Priscilla Pessoa e o minimalismo no de Loise Rodrigues. Evandro Prado traz pinturas em tecidos realizadas com a oxidação de pregos.

No trabalho de Thiago Barros, vem a influência da pop arte, como na série Causa e Efeito, em que ele utiliza a imagem de Cristo. Adelaide Fontoura aplica renda, tecidos de tricô e parafina sobre retratos de família ampliados, enquanto Dalton Paula utiliza a fotografia como registro da performance O Batedor de Bolsa. Daniel Reino participa com a obra O Crime, resultado de pesquisa sobre o cinema. Joardo Filho, por sua vez, realiza experimentações sobre o realismo de fotografias.

Já Virgílio Neto, com lápis e aquarela sobre papel, representa relações afetivas e intimistas. Como um jogo de visão e leitura, Fernando Aquino cria uma atmosfera híbrida em suas tabuletas. Os desenhos de Rondinelli Linhares, por sua vez, criam um diálogo com o observador, assim como os desenhos da sérieTelefone Sem Fio, de Thais Galbiati, pretende causar fortes impressões em quem os observa.

Tiago Duarte, em nanquim e aquarela digitalizados, constrói personagens imaginários no cenário arquitetônico. Helô Sanvoy, em desenhos a nanquim em papel vegetal, cria imagens sem nitidez.

Outros artistas que participam da mostra são Marília, que busca dar novo significado a formas ligadas ao espaço arquitetônico, e Nilvana Mujica, que realiza intervenções urbanas também com destaque à arquitetura. Valdson Ramos, por fim, manipula resina de poliéster e fitas religiosas, esculpindo 12 mãos em alusão às relações humanas.

 

Exposição: Dialetos

Local: Galeria de Arte Frei Confaloni (Rua 4, nº 515, sobreloja, Edifício Pathernon Center, Centro)

Abertura: Hoje, às 20 horas

Visitação: Segunda a sexta-feira, das 8 às 18 horas

Informações: 3201-4695 e 3201-4687

Entrada franca

Fonte: O Popular