Nova temporada de chuvas, velhos buracos

Falta de manutenção preventiva no período de seca faz com que pavimento em Goiânia e nas rodovias estaduais esteja esburacado

A temporada de chuvas deste ano começou oficialmente ontem, mas os motoristas já sofrem ao trafegar pelas ruas da capital. Não bastasse o maior cuidado ao conduzir seus veículos apenas em função das chuvas, alagamentos e enxurradas, ainda são obrigados a lidar com os inúmeros buracos, de diversos tamanhos, que encontram pelos bairros da capital.

A idade da pavimentação asfáltica - em média, acima de 20 anos - de Goiânia é a causa do alto número de buracos em diversas ruas para a Agência Municipal de Obras (Amob). Em função disso, a agência afirma que a atual gestão municipal já investiu cerca de R$ 2 milhões em revitalização asfáltica na capital. No entanto, só renovar o pavimento de algumas ruas pode não resolver o problema.

O descaso e a falta de uma política preventiva são as causas da falta de soluções para os inúmeros buracos que se formam a cada chuva em Goiânia, para especialistas. Doutora em Geotécnica e professora da Universidade Federal de Goiás (UFG), Lilian Ribeiro de Rezende afirma que o recomendado às agências de pavimentação é ter um setor responsável pela gerência dos pavimentos.

Este órgão teria a obrigação de acompanhar toda a pavimentação e investir em manutenção preventiva. “Eu sei que no Rio de Janeiro funciona bem assim. Os agentes conseguiram convencer os gestores públicos de que era mais viável e prudente investir em prevenção do que apostar em tapa-buracos”, conta Lilian. No entanto, o que se tem em Goiás é a solução dos problemas mais imediatos ou visíveis.

Atualmente, por exemplo, a Amob realiza a revitalização asfáltica da Avenida T-63, entre a Praça da Nova Suíça e o viaduto da Avenida 85, além da Avenida C-171. O trecho do viaduto na T-63 até o Setor Pedro Ludovico é o que virá a seguir. Assim mesmo, regiões que são problemas em todos os anos continuam apenas com o serviço paliativo de tapa-buracos. Atualmente, a Amob conta com um número de equipes que varia de 12 a 15 para tapar os buracos de toda a capital.

Ainda segundo nota enviada ao POPULAR pela assessoria de imprensa da Amob, as equipes da agência gastam, em média, 200 toneladas de massa asfáltica para cobrir os buracos em Goiânia. Em média, são 2 mil buracos diários para essa quantidade de massa asfáltica, embora o número seja calculado a grosso modo, já que depende de diversos fatores, como o tamanho e a profundidade.

Em Goiânia, buracos de até 15 centímetros de profundidade recebem a massa asfáltica das equipes da Amob, enquanto falhas na pavimentação maiores que essas resultam em uma recuperação total da base. O serviço, no entanto, deveria ser feito quando houvesse qualquer buraco na pavimentação. Para Lilian Rezende, o buraco é o último estágio de um problema no asfaltamento, que se inicia com uma pequena rachadura.

Até por isso, o serviço de manutenção preventiva faria com que não necessitasse a formação de um buraco para que só então fizesse a revitalização da via. “Operação tapa-buraco é emergencial, deve ser usada apenas por um curto período, quando não é possível fazer uma revitalização total, como neste período chuvoso”, afirma. Assim, depois que a chuva passasse, deveria haver o serviço de manutenção total da pavimentação.

QUALIDADE

O método ideal para o tratamento de um buraco na pavimentação asfáltica seria recortar toda uma área envolta da falha, retirar e recapear novamente. No entanto, a Amob prefere realizar a revitalização de trechos mais longos, como de avenidas inteiras, durante os fins de semana e feriados. A medida tenta diminuir os problemas que causaria no trânsito da capital com a presença de obras nas vias.

Assim mesmo, Lilian Rezende afirma que não pode confirmar a falta de qualidade na pavimentação da capital. “Para um pavimento funcionar não é só a qualidade do material, mas tem de haver um projeto, a execução, uma manutenção preventiva. Se a pavimentação está ruim é porque não há esse conjunto de coisas, não só pela qualidade do material em si”, explica.

De toda forma, para ser considerado um asfalto de maior qualidade é necessário que a massa asfáltica seja posta após diversas bases, ou seja, a terra batida deve receber algumas camadas até que receba a pavimentação exposta aos motoristas. A primeira camada é chamada de subleito, que funciona como uma fundação, e que recebe a sub-base, depois a base e, enfim, a massa asfáltica.

A Amob alega ainda que, além de antiga, a pavimentação em bairros residenciais, executada por empresas particulares, não foi bem feita, como no Parque das Laranjeiras e no Goiânia 2. Em ambos, a pavimentação teria ocorrido no sistema de asfalto a frio. Além disso, algumas vias teriam sido asfaltadas sem a implantação de bocas de lobo e galerias pluviais, o que diminui a impermeabilização do solo e aumenta a possibilidade de buracos, especialmente nos dias chuvosos.

Fonte: O Popular