Falta de pagamento de cachês comprometeu imagem do evento

O Goiânia em Cena – que se consolidou na última década como um dos eventos de artes cênicas mais prestigiados de Goiás – passou por uma série de crises que colocaram em dúvida sua credibilidade e até mesmo sua realização este ano. Nos últimos meses, vieram à tona vários escândalos da administração do ex-secretário de Cultura Kleber Adorno, entre eles o que envolvia a parte financeira do Goiânia em Cena. Alguns dos grupos alegaram que foram representados nos processos por empresas com as quais não assinaram contrato e que teriam falsificado suas assinaturas. A Justiça continua investigando o caso.

Até hoje, a Prefeitura de Goiânia não pagou todos os artistas que participaram do evento no ano passado. Devido às irregularidades na administração da pasta em relação ao festival durante a gestão de Adorno, a Universidade Federal de Goiás (UFG) decidiu no mês passado cortar a parceria com a Secult. O fim do apoio institucional da universidade prejudicou ainda mais a realização do festival.

“A falta do pagamento dos cachês atrasou a nossa produção para essa edição e acabou refletindo na credibilidade do festival de um modo geral”, admite Marci Dornelas, coordenadora do Goiânia em Cena e diretora de Políticas e Eventos Culturais da Secult. Ela garante, no entanto, que os problemas estão sendo resolvidos e os processos de pagamento encaminhados. “Infelizmente, o trâmite é moroso e não depende somente da Secult. Quase todos os pagamentos foram efetuados e o restante está próximo disso.”

POUCO TEMPO

A versão reduzida do Goiânia em Cena foi a única opção da Secult para manter o festival de pé. “Tivemos pouco tempo para realizar a produção devido à indefinição da coordenação do festival. Mas já queremos organizar, em novembro, os trâmites legais para que no próximo ano possamos trazer mais grupos. Porém, mesmo com menos atrações, a qualidade dos espetáculos desta 11ª edição não foi prejudicada”, avalia. O Goiânia em Cena foi criado para dar oportunidades a artistas da cidade se apresentarem e oferecer acesso a produções culturais de outros Estados, muitas delas premiadas em festivais.

Marci conta que o início do processo de produção foi com a tentativa de resolver as pendências do ano passado, que foram várias. Depois, fizeram uma reunião com os artistas para definir o novo formato e mudanças no festival. “Iniciamos um processo de aprofundamento no debate, na reflexão e na participação dos grupos e artistas, seja na indicação de grupos nacionais para trazermos, como também na condução do projeto como um todo. A relação com outros festivais favoreceu a continuidade do trabalho para projetar o festival em outros Estados. Sob um novo olhar, mais participativo”, define.