As eleições da seccional goiana da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) têm início oficial hoje, mas a campanha das duas chapas – OAB Forte, liderada pelo atual presidente, Henrique Tibúrcio, e OAB Renovação com Atitude, encabeçada por Leon Deniz – já ganhou as ruas e escritórios de advocacia. Unificada em chapa única, a oposição aposta em uma vitória inédita contra a corrente que lidera a OAB em Goiás nas últimas décadas. Na eleição passada, Leon Deniz perdeu para Henrique Tibúrcio por 362 votos, em um universo de 12.196 votantes (houve em torno de 30% de abstenção).

O prazo para registro de chapas encerrou-se às 18 horas de ontem. Confirmou-se o previsto, com a polarização entre Tibúrcio e Deniz. Cada chapa tem 96 membros – 25 a mais do que na eleição passada, em função do aumento no número de advogados associados – e a eleição está marcada para o dia 23 de novembro. Haverá, portanto, 30 dias para a campanha oficial. Os dois candidatos falam em financiamento solidário das campanhas, com contribuições voluntárias dos candidatos a diretores e conselheiros das chapas – são funções não remuneradas, mas que conferem aos ocupantes estatus e prestígio político.

A unificação das forças é o principal trunfo da oposição. Na última eleição, a chapa de Henrique Tibúrcio conquistou 4.976 votos (27,44%); a de Leon Deniz, 4.614 (25,43%); a de Renaldo Limiro, OAB Atitude, 1.737 (9,69%) e as demais em torno de 5% dos votos. Renaldo Limiro foi um dos primeiros apoios de peso conquistados por Deniz. O maior trunfo de Henrique Tibúrcio é a consistência do grupo que o apoia e que mantém a liderança da Ordem em Goiás há décadas.

HISTÓRIA

A importância da OAB para a história do País é um dos fatores que fazem desta uma das mais disputadas eleições. O professor de Direito Constitucional Jônathas Silva, da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Goiás, ressalta que a OAB tem um papel corporativo e também institucional importante. “Ela esteve presente, com papel de destaque, nos grandes momentos da história brasileira recente, como as Diretas Já, a anistia, a Constituição de 1988, o impeachment de Fernando Collor”, lembra o professor.

Para Jônathas, a independência e a coerência fazem da OAB uma instituição digna de respeito de todos os brasileiros, com posições suprapartidárias. O professor, no entanto, defende que deve haver uma reflexão em relação à eleição do presidente do Conselho Federal da Ordem. Ele entende que todos os associados deveriam votar. “É preciso também que haja uma rigorosa atuação ética a fim de pôr fim a equívocos no exercício profissional, como a participação de advogados em ações delituosas”.

O sociólogo Djaci David de Oliveira, professor da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Federal de Goiás (UFG), analisa que o que difere a OAB de outras instituições é a credibilidade conquistada por ela por meio da participação em atividades políticas em defesa dos desejos da população, como o combate à corrupção, à violência urbana e a defesa da liberdade de expressão. “Esse envolvimento deu a ela peso e lugar no debate político nacional”, diz.

Djaci observa ainda que a OAB tem um papel importante no debate acadêmico, opinando e avaliando os formandos, com a grande diferença de avaliar e selecionar os futuros advogados, por meio do exame de ordem. “É uma instituição com respaldo forte e poucos históricos de envolvimento em denúncias em relação, por exemplo, aos seus exames. Graças a isso, sua eleição tem repercussão tão grande”, avalia.

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