Goiânia de antes, de hoje e de amanhã...

Especialistas vão além dos planos de governo e apontam projetos, ideias e obras necessários para que a Capital evite o caos

Goiânia sofreu mudanças profundas nos últimos 25 anos em praticamente todas as áreas de gestão e de maior relevância na rotina de seus habitantes. O aumento de 45,6% da população é ponto inicial para a análise de uma série de transformações sofridas pela cidade. A Tribuna realizou um levantamento (veja o quadro) para diagnosticar os problemas e soluções encontrados durantes este período e concluir quais são os principais desafios para os próximos gestores.
De acordo com a maior parte das pesquisas, a saúde é a área eleita como a mais problemática de toda a capital. O odontólogo José Carrijo Brom é membro do Conselho Nacional de Saúde e avalia que a implantação do Sistema Único de Saúde (SUS), em 1990, foi fundamental e melhorou bastante o atendimento público .
Carrijo afirma, porém, que não há possibilidade de a saúde pública se sustentar se não se buscar a resolução de três questões: o financiamento, que é insuficiente; a qualificação da gestão, em que profissionais da área assumiriam o comando de unidades e secretarias; e os trabalhos preventivos.

Mobilidade
Trânsito, transporte e mobilidade são questões importantes para a vida da cidade, mas não entraram diretamente no planejamento de Goiânia nos últimos 25 anos. A análise da professora da Universidade Federal de Goiás, Erika Cristine Kneib, aponta que as demandas nesta área foram parcialmente resolvidas com medidas pontuais.
A professora acredita que a solução para os problemas atuais passa pela efetivação de três projetos. São eles: a instalação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) no eixo da Avenida Anhanguera, o BRT no eixo Norte-Sul e os corredores preferenciais planejados que atingem praticamente toda a rede do transporte coletivo. 
Aliada à questão de mobilidade, a urbanização da cidade avançou muito nos últimos anos e transformou Goiânia em uma metrópole. A professora da UFG e doutora em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo, Celene Cunha Antunes, defende que o desafio agora é repensar a cidade e investir medidas que a integrem.
Sanamento
O professor do curso de Tecnologia em Saneamento Ambiental do Instituto Federal de Goiás (IFG), Jadson Pires de Araújo, analisa que Goiânia avançou nos últimos 25 anos, principalmente por conta do aumento no número de unidades de conservação, que hoje são mais de 200. Além disto, o professor elogia a instalação de esgoto sanitário, que é coletado e tratado, além da universalização da água tratada. Sobre os desafios atuais, Jadson concorda com a presidente da Associação Brasileira de Engenharia e Saneamento (Abes), Livia Maria Dias, que defende a redução na impermeabilização do solo e a educação ambiental.

Educação
A professora Maria Marga­rida Machado, vice-diretora da Faculdade de Educação da UFG analisa os últimos 25 anos e chega à conclusão de que o processo de municipalização do sistema educacional nas fases infantil e fundamental foi decisivo para o desenvolvimento da atual rede pública de ensino de Goiânia.
Depois da estruturação de escolas e do conceito educacional da rede de ensino de Goiânia, a professora destaca os dois desafios básicos: o fortalecimento da educação infantil e o direcionamento profissional em turmas da Educação de Adolescentes, Jovens e Adultos (EAJA).
A dedicação à qualificação de jovens e adultos para o mercado de trabalho é uma necessidade vista pela representante do próprio setor produtivo. A presidente da Associação Comer­cial e Industrial do Estado de Goiás (Acieg), Helenir Queiroz avalia que o setor privado cresceu vertiginosamente nas últimas duas décadas na capital e que a prioridade é encontrar profissionais capacitados.
O desenvolvimento e ampliação da rede básica de ensino também são defendidos pelo advogado criminalista Pedro Paulo de Medeiros, que analisou o desenvolvimento dos serviços de segurança pública na Capital. Ele afirma que é positivo o aparelhamento das polícias, por parte do governo estadual, mas que medidas que melhorem o acesso à educação, saúde, moradia e trabalho, pela prefeitura, é fundamental para reduzir, a médio prazo, os índices de criminalidade.

 

Fonte: Tribuna do Planalto