Familiares de jornalista aguardam corpo''

Familiares e amigos do jornalista goiano Lucas Cardoso Fortuna, 28, aguardam a chegada do corpo do rapaz para que o velório seja realizado no município de Santo Antônio de Goiás, sua cidade natal. Até o fechamento desta edição, o pai do jovem estava em Recife (PE) esperando tramitação burocrática no Instituto Médico Legal (IML) para que o corpo fosse trazido para Goiás.

O jornalista foi encontrado morto na manhã de domingo (18), vestindo apenas cueca. O corpo do rapaz mostrava sinais de espancamento e estava jogado na praia de Cabo Santo Agostinho, a 47 quilômetros de Recife. Segundo a amiga da vítima, Elaine Gonzaga, a suspeita é de que Lucas tenha sofrido um ataque homofóbico.

“Apesar de terem levado o celular dele, nós que conhecíamos o Lucas não acreditamos que tenha sido um latrocínio. Ele era uma pessoa muito pacífica e não iria reagir a um assalto por causa de um telefone”, diz Elaine. Para a moça, a situação em que o corpo do amigo estava mostra claramente que ele foi vítima de uma pessoa que não aceita as diferenças.

 

O jornalista

Lucas, que atuava profissionalmente como árbitro de vôlei de praia, estava no Recife para participar de um evento esportivo. O jovem foi o fundador do Grupo Colcha de Retalhos da Universidade Federal de Goiás (UFG), além de diretor das ONGs ADGLT e AGLT. Ajudou, também, a construir várias paradas do Orgulho LGBT de Goiás e lutava pela aprovação do PLC 122, projeto em tramitação no Congresso que criminaliza a homofobia.

Por meio de nota, a presidenta da Comissão de Direito Homoafetivo da Ordem dos Advogados de Goiás (OAB-GO), Chyntia Barcellos, expressou indignação com o caso. “É preciso dar um basta nesta onda de violência contra gays”, afirmou. 

Ontem o vereador Djalma Araújo (PT) também apresentou requerimento na Câmara Municipal de Goiânia, que solicita ao secretário de Segurança Pública do Estado, Joaquim Mesquita, que encaminhe pedido ao Ministério da Justiça e à Secretaria de Segurança do Estado de Pernambuco cobrando agilidade da polícia na elucidação da morte de Lucas Fortuna. 

 

Afogamento

Segundo laudo do IML divulgado ontem, o jovem morreu por afogamento. As condições do corpo e um possível espancamento constarão no laudo médico, que será concluído dentro de 15 dias. A polícia pernambucana investiga o caso. (Cecília Preda)