Culinária Alemã: o que se encontra além do chucrute e das salsichas

Na coluna desta semana faça um passeio dentro da cozinha alemã, conhecendo pratos de diferentes regiões e conheça um concurso inusitado que elege a rainha das salsichas


Mass, a cerveja de um litro comercalizada na Oktoberfest de Munique

 

Se for viajar ou passar um tempo fora de casa é bom ter além de uma mala bem equipada, uma barriga bem preparada para novidades, principalmente se a viagem é para um lugar com comidas não muito próximas ao seu paladar. No Brasil temos uma culinária meio europeia meio indígena e africana. O lado bom dessa mistura é que, na pior das hipóteses, já estamos relativamente bem preparados para muitas coisas que podem ser encontradas neste mundo. Mas adianto: nem tudo são pães de queijo, churrasco ou feijoada.
Na coluna de hoje falaremos sobre a culinária alemã. Sendo assim, antes de pegar seu guardanapo e o cardápio, pode ir logo tirando seu feijãozinho da chuva. É que no continente europeu, feijão desses que conhecemos no Brasil é espécie rara e, quando encontrados, quase sempre são enlatados e com um molho (nada especial) vindo junto. Você pode até se proteger, escondendo um ou dois pacotes do “grão raro” dentro da mala, amigo leitor. Mas digo na hora que a fome aperta, a agilidade das “Metzgerei” (espécie típica de açougue alemão que também vende comida pronta) pode ser sua única e melhor saída. 

Até tentei trazer feijão, sabia que uma hora a saudade iria apertar e que queria estar preparado para o momento. Mas, cá entre nós, só tive “coragem” pra trazer mesmo, em oito meses cozinhei feijão uma vez. Primeiro pela correria do dia e depois porque fazer feijão no exterior é quase um ritual. Panelas de pressão não faz parte do armário comum de um alemão e fazer feijão sem panela de pressão é necessário muita disposição, o truque de deixar o feijão de molho no dia anterior e, por último e não menos importante, quase uma encarnação de paciência. Demora pra caramba.
Cozinha Alemã
Sejamos justos: a comida alemã não tem um traço de identidade tão marcante como a culinária italiana ou indiana, por exemplo. Quem vem de Portugal, se envolve com o paladar da Espanha ou França, pode chegar achando que a cozinha alemã é bem tímida ou sem graça. Mas, basta ter um tempo e um pouco de dedicação para perceber que a mesa autêntica alemã, vista de perto, é surpreendente e tem muito mais do que o chucrute e o porco para oferecer. 

Pessoalmente, não achei muito complicado me adaptar aos pratos alemães. O arroz teve que ser substituído pela batata e a oferta de carnes e embutidos é muito sedutora. Saladas e frutas não são tão caras quanto pensa. Só fica caro se você fizer uma conversão errada e automática, comparando ao que se paga no Brasil e aqui. Mas, pensando proporcionalmente, vegetais são incorporados na alimentação sem pesar no bolso. Uma coisa que incomoda é a quantidade de molhos iguais nas carnes, com o tempo pode enjoar. Mas o lado bom é que o supermercado é um ambiente muito rico de variedades (mas devo acrescentar que esqueceram de trazer o leite condensado e o creme de leite pra cá). 

O “bio produto” é um fato marcante nas prateleiras dos alemães, existem supermercados dedicados exclusivamente à venda de produtos orgânicos, esses são bem acessível financeiramente. Digo isso porque o preço pago pelo “bio” e muitas vezes é bem próximo ao que se paga pelos produtos ditos “normais”. Outro fator interessante quando se fala em preços é a cerveja. Além de serem mais de 5 mil marcas, meio litro de cerveja comprada no supermercado custa em torno de 0,69 centavos de euro. Já em um Pub pode custar em média de 1,50 a 3 euros. Na Oktoberfest , paguei pelo “mass” (a jarra de um litro) 9,50 de euro, o mais caro que já pude presenciar. Muitos alemães correm da festa tradicional da Baviera por acha-la bastante “turístico”.
Confira a coluna completa Segunda-Feira (3), no Diário da Manhã e no DMonline

Caio Sena, 23, é graduando em Geografia pela UFG. Escreve semanalmente a coluna “Um goiano na terra da cerveja”, para o Diário da Manhã. Foi repórter do Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros de 2009 a 2011. Atualmente, mora na Alemanha até fevereiro de 2013, onde desenvolve pesquisa em Geografia e Turismo, junto à Universidade Católica de Eichstätt – Ingolstadt.

Fonte: Diário da Manhã