Avanço econômico não reduz problemas sociais

Enquanto Goiás apresenta avanços nos indicadores econômicos, índices de saúde, segurança e habitação têm retração na última década

Os números que medem o desenvolvimento goiano apresentam uma contradição. Ao mesmo tempo em que mostram avanços nos indicadores econômicos, Goiás retrai em índices sociais, como saúde, segurança e habitação. No quesito educação, estamos patinando sem sair do lugar. Na última década, a evolução nas avaliações referentes ao processo educacional foi praticamente nula.

As estatísticas confirmam que crescimento econômico não significa necessariamente desenvolvimento social. Não nos torna parte de uma sociedade melhor. Divulgado no começo do mês, o Indicador Social de Desenvolvimento dos Municípios (ISDM) revelou que entre 2000 e 2010 Goiás continuou estagnado. Por um lado, tivemos ganhos em renda e trabalho. Porém, o mau desempenho em saúde, segurança e habitação nos manteve estacionados.

Neste intervalo, Goiás cresceu economicamente acima da média nacional. Enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro aumentou anualmente 4%, o PIB estadual teve taxa de 5% ao ano. O PIB per capita goiano também avançou mais que o Brasil: 1,8% contra 1,2%.

Na medida em que o PIB alavancou, os resultados apareceram nos indicadores de trabalho e renda. Diminuiu o desemprego com vagas no mercado formal. A taxa de ocupação subiu de 87,7 para 93,7 na década. A taxa de formalização entre os empregados passou de 54,2 para 68,49 conforme dados do ISDM, da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Segundo cálculos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o valor do salário mínimo teve ganhos reais de 66% desde 2002.

SOCIAL

No entanto, até mesmo os indicadores econômicos analisados no ISDM mostram avanços mais sociais que econômicos, como a redução do trabalho infantil (de 10,2 para 8,7) e devido aos programas sociais de transferência de renda.

A pesquisa da FGV revela redução no número de pessoas pobres ou com pobreza extrema. Isso significa que hoje existem menos famílias vivendo com apenas R$ 70 per capita - valor limite para considerar um grupo familiar extremamente pobre - em comparação com o quadro de uma década atrás.

“O país conseguiu garantir que as pessoas tenham o mínimo necessário para sobreviver, mas ainda não oferece tudo o que precisa. O acesso a serviços básicos como saúde, educação de qualidade, transporte, segurança e moradia ainda estão distantes de muita gente”, analisa o sociólogo Dijaci David de Oliveira, da Universidade Federal de Goiás (UFG). Prova disso foram as quedas nos índices referentes a habitação, saúde e segurança do ISDM.

Fonte: O Popular