Peso que sobrecarrega os políticos

Cientista acredita que parlamentares atuam principalmente visando alçar posições no mercado político eleitoral

Escândalos e corrupção protagonizaram a cena política brasileira, o que denotou um alvo certo de críticas aos políticos envolvidos.  Muitas são as razões pelas quais a sociedade, a imprensa, a opinião pública emitem críticas negativas a estes agentes públicos, seja pelos noticiários, por não cumprir com o que prometem, por discursos evasivos, pelas mudanças partidárias ou até mesmo por falta de comunicação com a população.

Neste caso, a imagem do político, e consequentemente, a crítica que lhe envolve é o resultado de uma combinação de impressões e obedece às mesmas etapas do processo pelo qual construímos as imagens. O conhecimento sobre política é modificado ou confirmado por formas de críticas durante o processo de socialização, da educação formal, da conversação e da noção política agregada pelos próprios políticos.

Geralmente quando um político é criticado na mídia ou a crítica toma dimensões maiores, os políticos se esquivam de um posicionamento e solicitam que outra pessoa responda como sistema de porta-voz.  Por que isso ocorre? Para o doutorando em Ciência Política pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e professor da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Federal de Goiás (UFG), Francisco Mata Machado Tavares, essa atitude está dentro de um sistema chamado de cálculo político eleitoral, que vem de um processo desde a década de 40 em que se havia menos ideologia e mais busca por posicionamento político.

Ou seja, o cientista político explica que políticos não atuam pela paixão ou pela coletividade, mas para alçar posições no mercado político-eleitoral. “A cada movimento fazem o cálculo e resolvem se devem ou não se pronunciar sobre determinado assunto”, pontua. Francisco Tavares salienta que muitos políticos, mediante o cálculo político eleitoral, preferem se esquivar de respostas às críticas quando o assunto envolve, principalmente, ética e moralidade. “Isso é ruim para a democracia representativa”, afirma.

Segundo o cientista político quando outros representam a voz do político pode tapar um possível vácuo existente e saciar um feedback instantâneo, porém quando há uma pressão mais intensa da opinião pública, os políticos optam por emitir uma resposta como melhor alternativa. Isto significa que há uma estratégia pensada tanto de comunicação quanto de preservação de uma imagem.

De acordo com o advogado, Elder Leite, políticos são serviçais do poder paralelo que comandam os governos, apenas obedecem a ordens vindas de cima. “Em sua maioria, são omissos de forma proposital, noutras vezes, se esquivam por desconhecer a matéria, por não ter argumentos, ou receio de comprometer quem os comanda”, assegura

Entre os próprios políticos existem formas de rebater críticas, seja respondendo indiretamente por meio de notas ou divulgando opiniões em meios de comunicação pessoal. É notável a rivalidade política, o que gera à sociedade um posicionamento crítico de descrédito e falta de confiança.

O deputado estadual Mauro Rubem (PT) afirma que sua forma de trabalhar com os canais de comunicação e com a própria opinião pública é direta e sem representações que denotam poupar a sua imagem ou fugir das críticas. “Sempre respondo de forma pessoal, prefiro que tratem da crítica diretamente comigo, pois responderei”, afirma. O deputado frisa que não é o seu estilo se esquivar de críticas e não responde pelos demais pela forma que conduzem as críticas.

Conforme expressou o deputado Túlio Isac (PSDB), são muitas as críticas que se observa para quem está na vida pública e é algo que deve se acostumar. Deputado salientou que procura não se envolver em conflitos, apesar de que, a cada votação na Assembleia Legislativa, é impossível agradar a todos. “Não discuto com quem me critica, mas se precisar respondo sem procurar outra pessoa para me representar”, pontua.

Túlio Isac disse que busca fazer uma reflexão da crítica e se perceber que está equivocado mediante algum posicionamento, tenta corrigi-lo. Segundo o deputado, quando as críticas não possuem teor construtivo prefere não criar debate, pois o que mais repercute são as imagens negativas deixadas pelos políticos. “Infelizmente fugir de uma resposta às críticas é a atitude da maioria dos políticos, o que é uma falta de personalidade. É preciso ter argumentos para responder, se posicionar e mostrar que há razão”, conclui.  

Apesar disso, Tulio Isac enviou duas longas entrevistas ao Diário da Manhã, logo após a publicação de reportagens com Vanderlan Cardoso (Sem partido) e do próprio Mauro Rubem (PT), respondendo e criticando duramente os políticos, já que estes se posicionaram contra o governo estadual do PSDB.

 

Prefeituras 

Os órgãos públicos também não estão livres das críticas da opinião pública, porém estes são munidos de uma equipe de assessoramento que os auxilia de forma estratégica para lidar com os julgamentos. No caso da prefeitura de Aparecida de Goiânia, a assessoria registra com maior frequência críticas relacionadas aos serviços públicos e raras são as críticas pessoais direcionadas ao prefeito. Conforme informou a equipe da assessoria do município, quando isso ocorre, procuram informar sobre o fato e ouvir o posicionamento do prefeito antes de emitir qualquer resposta.

De acordo com a assessoria, as críticas direcionadas aos serviços da administração são passadas aos titulares das pastas responsáveis, que informam os procedimentos a serem adotados para sanar o problema em questão e os esclarecimentos pertinentes à população. Com base nisso é que a assessoria de imprensa formula e envia a resposta ao veículo de comunicação que está em contato com o morador.  Quando a prefeitura ou qualquer um de seus órgãos tem algum evento ou ação já previstos, adotamos o procedimento padrão de divulgação, com envio de releases e sugestões de pauta.

Para questionamentos recorrentes, a assessoria de Aparecida cita o exemplo do momento de fechamento do Huapa, que uma resposta padrão é informada pelo assessorado responsável e retransmitida sempre que indagados sobre o assunto, até que algum fato novo exija um novo posicionamento. Atualmente, a assesssoria utiliza os principais canais de comunicação com a população por meio das páginas oficiais da prefeitura, que incluem o site e redes sociais (facebook e twitter) e todas as demandas são respondidas pela equipe da Secom.'

Fonte: Diário da Manhã