41 das 70 cidades beneficiadas por programa receberão só 1 médico

Só três cidades goianas receberão, neste ano, cada uma, mais de dez médicos do Programa de Valorização do Profissional da Atenção Básica (Provab) do Ministério da Saúde (MS), apesar de o Estado contar no Centro-Oeste com o maior número de participantes da iniciativa do governo federal. São elas Senador Canedo (23), Cidade Ocidental (13) e Aparecida de Goiânia (11). A capital terá o reforço de apenas três profissionais, conforme divulgado ontem, durante oficina regional de lançamento do Provab 2013. No total, 171 profissionais serão distribuídos em 70 municípios de Goiás e 58,5% (41) deles receberão apenas um médico.

O programa visa levar profissionais recém-formados para o interior dos Estados. Para isso, oferece bolsa de R$ 8 mil mensais, além de uma pontuação adicional de 10% nos exames de residência. Mais de cem médicos já pediram este ano demissão da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia para aderir ao programa federal, de acordo com reportagem do POPULAR publicada na edição de quinta-feira.

No País, 3,8 mil médicos aderiram ao Provab. Cerca de 20% serão destinados aos municípios com população rural e pobreza elevada e outros 20%, às periferias dos grandes centros (regiões metropolitanas). Além disso, também serão contempladas regiões com população maior que 100 mil habitantes (5%); intermediários (33%); população rural e pobreza intermediária (21%); e populações quilombola; indígena e dos assentamentos rurais (1%).

A carência de profissionais fez os gestores locais indicarem municípios que mais necessitam dos médicos do Provab, de acordo com o MS. As demandas apresentadas foram divulgadas para que os profissionais interessados em participar da iniciativa escolhessem, entre cinco opções, as cidades nas quais gostariam de trabalhar.

Secretário de Gestão Participativa do MS, Odorico Monteiro ressalta que, dos 2.856 municípios inscritos pelos secretários municipais de Saúde, 1.291 conseguiram médicos interessados em atuar nessas regiões. Em relação ao ano passado, o número de profissionais que participam do programa é dez vezes maior – passando de 381, em 2012, para os atuais 3,8 mil. Segundo ele, é necessário haver interiorização do atendimento porque o vínculo do paciente com o Sistema Único de Saúde (SUS) deve ser sistêmico.

Ontem pela manhã foi realizada oficina regional do Provab. O secretário estadual de Saúde, Antônio Faleiros, por sua vez, considera que a ação que visa melhorar a atenção básica à população reflete imediatamente nos indicadores de saúde e diminui a necessidade de internação hospitalar. Ele frisa, todavia, que não adianta só estimular o médico a ir para o interior. “Sem dar estrutura para o trabalho não resolve”, avalia, pontuando que também é preciso descentralizar a oferta de serviços de saúde de média e alta complexidade.

Diretor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás (UFG), Vardeli Alves de Moraes diz que o programa do governo federal tem o objetivo de tentar fixar os médicos no interior, para diminuir a defasagem de profissionais. Há cerca de 25 anos a UFG forma 110 novos médicos, a cada ano. Além de considerar desnecessária a vinda de médicos estrangeiros para atuar no País, o especialista entende que não precisa aumentar o número de vagas na instituição de ensino.

Fonte: O Popular