Mais uma casa antiga é demolida em Goiânia

Mais uma casa antiga no Centro de Goiânia foi demolida. O sobrado, em estilo moderno, provavelmente construído entre as décadas de 60 e 70, virou entulho na manhã de ontem. Localizado na esquina das Ruas 16 e 29, ele estava desocupado há bastante tempo, segundo vizinhos, e vinha sendo frequentado por usuários de drogas.

As pessoas que trabalharam na demolição não deram informações sobre o nome do proprietário ou se ele possuía licença da Prefeitura de Goiânia para derrubar a construção. Um fiscal da Prefeitura que esteve no local ontem de manhã diz ter sido informado que operários admitiram que não havia alvará autorizando a demolição. Com base nisso, ele multou o responsável pelo trabalho. Entretanto, segundo o fiscal, a multa deve ficar em torno de R$ 200.

A reportagem apurou que a casa pertencia a uma família tradicional de Goiânia, ex-proprietária de um hotel no centro de Goiânia que já não existe mais, e que teria sido comprada por uma construtora há quatro ou cinco anos. Em janeiro, a construtora teria vendido o imóvel para um empresário. Não foi possível, até o fechamento desta edição, confirmar o nome do atual proprietário.

A demolição teria começado na madrugada de ontem, de dentro para fora, e teria sido interrompida depois que os operários enfrentaram dificuldades para derrubar uma parede onde se encontra um painel de azulejo feito pela artista plástica Maria Guilhermina.

Esta é a segunda casa antiga em Goiânia que é derrubada em três dias. Na quinta-feira, a Prefeitura de Goiânia demoliu uma casa na Rua 20. O imóvel também estava em situação de abandono e igualmente era usado como mocó por dependentes químicos. Na ocasião, a Prefeitura disse que atendeu pedido da Polícia Militar (PM) e por moradores da região, devido à presença de moradores de rua e usuários de drogas.

Ontem, vizinhos acompanhavam a destruição nas portas das casas. Um deles disse ao POPULAR que assistia à cena com dor no coração, pois desde os sete anos - hoje ele tem 51 - morou no Centro de Goiânia e lamentou que a memória arquitetônica da cidade esteja se perdendo.

A historiadora Danielle do Carmo foi uma das primeiras a chegar ao local ontem. Mestranda em Memória Social e Patrimônio Cultural, ela disse que não havia nada a ser feito, por se tratar de uma propriedade privada, mas lamentou a perda. “Essa casa tinha, sim, importância histórica. Há outras, espalhadas pelo Centro da cidade, que fazem parte do conjunto arquitetônico”, afirmou.

A coordenadora técnica da superintendência do Iphan em Goiás, Beatriz Otto de Santana, disse que pesquisadores da PUC, UFG e IEG realizaram um levantamento sobre os imóveis de valor histórico em Goiânia e a casa que foi demolida consta nesse relatório. Conforme contou, a casa é do período modernista (décadas de 60 e 70) e tinha um painel de azulejos da artista plástica Maria Guilhermina. “Vejo essa demolição como truculenta e lamentável. Era um imóvel de grande valor histórico”, destacou. Para a superintendente do Iphan em Goiás, Salma Saddi, é “assustador” o porcentual de casas históricas que foram demolidas recentemente em Goiânia, principalmente as de estilo modernista.

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