Entre os melhores, sem sair de casa

As maiores universidades do mundo oferecem ensino em diversas áreas à distância e de graça

Um curso em Stanford, quatro na Universidade de Virgínia e outro no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), sem sair de casa e gratuitamente. Esse é o saldo do estudante de mestrado em Engenharia da Computação, Jonathan Cardoso da Silva, de 23 anos, que se dedicou a uma nova forma de aprendizado pela internet, os cursos on-line gratuitos. Atraindo cada vez mais brasileiros, sites como o EdX, Coursera, Udacity, NovoEd e Veduca reúnem as melhores universidades do mundo e estão expandindo a oferta de cursos em português.

Foi para aprimorar habilidades e complementar o conhecimento adquirido na Universidade Federal de Goiás (UFG), onde estuda presencialmente, que Jonathan se dedicou ao ensino à distância. “Os cursos dão uma visão muito mais completa dos assuntos”, explica sobre a experiência. Entre as disciplinas que fez está Design de Programas para Computador, ministrada pelo diretor de pesquisas da Google, Peter Norvig. Para fazer essa e outras vídeoaulas, Jonathan precisou apenas de conexão banda larga e um computador (veja no quadro como se inscrever).

Estudar à distância em cursos abertos por grandes universidades, principalmente dos EUA e da Europa, se tornou possível em 2003 por iniciativa do MIT, que disponibilizou os primeiros cursos. Com cada vez mais disciplinas de variadas áreas que vão da física as artes, um dos sites também pioneiros na área, o Coursera, divulgou que o Brasil era o quarto país em número de usuário na plataforma em abril deste ano.

Mas não é pela certificação – pela qual em alguns casos, como no Coursera e no Veduca, uma taxa é cobrada, ou que nem existe – que o público é atraído, mas pela possibilidade de ter acesso a um conteúdo diferente. “É uma oportunidade única de estudar nas melhores universidades do mundo e ter contato com aplicações práticas do que se vê na faculdade”, conta Jonathan, que começou a fazer as disciplinas no início do ano passado.

Um dos desafios de estudar pela web é a disciplina. Para conseguir concluir os cursos que queria, Jonathan teve de alterar a rotina. “Tive de tratá-las como se fossem matérias do meu curso de graduação, reservar horários na semana para estudar”, lembra ele, que também coleciona alguns cursos incompletos, já que na contramão do ambiente cheio de atrativos que é a internet, é necessário concentração, assim como nos cursos presenciais.

“Eles demandam tempo, especialmente os do Coursera, em que é preciso dedicar em torno de quatro horas para assistir às palestras e ainda tem deadlines semanais para entregar trabalhos e fazer provas. As palestras são liberadas semanalmente, se você não entregar as atividades na data certa, às vezes é penalizado por dia de atraso, perdendo nota.” O tempo que o aluno gasta, por onde ele navega no site e outros fatores são monitorados pelas plataformas.

Segundo Jonathan, é preciso disciplina, mas ao mesmo tempo as aulas são didáticas, com a possibilidade de serem vistas quantas vezes precisar.

“Você é apresentado a muitos assuntos de uma vez, porém são sempre muito claros, há muitas analogias e reforço dos assuntos apresentados. As pessoas tinham de fazer mais desses cursos porque é uma oportunidade de aprendizado incrível”, afirma ele, que contou com a ajuda de alguns colegas, com quem tirava dúvidas.

 

Instituições brasileiras apresentam plataformas

01 de julho de 2013 (segunda-feira)

O lançamento, no ano passado, do portal Veduca, com videoaulas em português de universidades renomadas, ampliou as opções aos brasileiros. Para quem não tem domínio de inglês, outra oportunidade são plataformas, criadas por universidades brasileiras, de cursos gratuitos on-line abertos ao público, os chamados Moocs. Entre as instituições que já tiveram a iniciativa estão USP, Unesp e Unicamp.

“A USP desenvolveu algumas disciplinas para serem ministradas on-line e quando chegamos a 600 aulas e reunimos em nossa biblioteca 1,2 mil vídeos, colocamos à disposição do público”, conta como surgiu o portal de videoaulas da USP (eaulas.usp.br) o diretor de Mídias Digitais da Universidade, Gil da Costa Marques. Em Goiás, ainda não há iniciativas assim.

Segundo Marques, disponibilizar esse conteúdo on-line significa encarar o conhecimento como um bem público. “As outras universidades também terão de fazer, haverá uma cobrança da sociedade no futuro. A universidade tem de ter um papel social”, explica ele ao citar que o eaulas já tem 9 mil acessos diários. Mas há outros desafios além de disponibilizar o conteúdo, como a realização de provas e atividades, a exemplo do que as universidades de outros países já fazem.

“A intenção é de no ano que vem oferecer cursos abertos e aí sim o aluno teria um certificado. Mas há um problema maior em relação a isso, nunca se sabe quem é que está de fato respondendo as perguntas, realizando as tarefas do outro lado da tela. Acho que no futuro vamos conseguir resolver isso”, avalia sobre a necessidade de parte ser do curso ser presencial, ao comparar com o rigor nas universidades em que até a identidade é pedida nos testes tradicionais.

“Começaram a achar que curso à distância é fácil, mas não é bem assim. Só é mais flexível, estudam na hora que quiserem, mas não pode ser mais fácil, tem de ter o mesmo nível do curso presencial.”

Marques defende o formato de fórum e simulações interativa para que se possa discutir com o professor, em salas de aulas virtuais. “O aluno teria oportunidade de dialogar.”

Fonte: O Popular