Aluno terá de atuar no SUS

Medida valerá para quem entrar no cursos de instituições públicas e privadas a partir de 2015

Alfredo Mergulhão09 de julho de 2013 (terça-feira)

Estudantes de medicina que entrarem na faculdade a partir de 2015 serão obrigados a prestar serviços no Sistema Único de Saúde (SUS) durante dois anos. A mudança vale para alunos de instituições de ensino públicas e privadas. A medida altera o tempo de duração dos cursos, que passam de seis para oito anos. A alteração curricular foi anunciada ontem pelo governo federal juntamente com o lançamento do Programa Mais Médicos, que pretende ampliar e descentralizar a oferta de profissionais no País, formalizando a possibilidade de contratação de médicos estrangeiros.

Os médicos recém-formados atuarão na atenção básica e nos serviços de urgência e emergência. Eles receberão uma bolsa custeada pelo governo federal. Alunos de faculdades privadas também serão contemplados e ficarão livres da mensalidade durante esse acréscimo de tempo na formação acadêmica.

Essa segunda etapa do curso poderá ser aproveitada como parte da residência médica ou pós-graduação caso o profissional escolha uma especialização no ramo da atenção básica. Até o fim do período no SUS, o estudante permanece vinculado à faculdade.

O secretário Estadual da Saúde, Antônio Faleiros, considera a medida importante para melhorar a formação dos médicos brasileiros. “A mudança vai proporcionar uma formação mais generalista. Hoje, profissionais formados em algumas especialidades sequer tiveram contato com o doente”, diz. Faleiros argumenta que no SUS o médico aprenderá a ouvir o paciente, a fazer uma boa entrevista e não se limitará a usar equipamentos e pedir exames.

Coordenador do curso de Medicina da Universidade Federal de Goiás (UFG), Vardeli Alves critica a medida. “Essa conversa de obrigar o médico recém-formado a trabalhar no SUS vinha sendo comentada há algum tempo. Mas uma proposta não foi discutida formalmente com a comunidade acadêmica. Estão criando uma espécie de serviço militar obrigatório ao médico”, afirma. Vardeli sustenta que o estudante de Medicina já passa a maior parte do tempo de formação inserido no SUS. “O internato entre o quinto e o sexto ano de curso se dá inteiro na rede pública”, alega. Ele também levanta dúvidas acerca da constitucionalidade da alteração, que será feita por medida provisória e regulamentada por portaria conjunta dos ministérios da Educação e da Saúde. “Precisa ser esclarecido quem será o preceptor desse estudante durante o período de trabalho no SUS.”

Fonte: O Popular