1,5 mil vão às ruas em Goiânia

Diferente das mobilizações de junho, evento de ontem foi organizado por centrais sindicais

Cerca de 1,5 mil pessoas, segundo dados da Polícia Militar, compareceram ontem ao protesto em Goiânia convocado pelas centrais sindicais, no Dia Nacional de Lutas. As manifestações se repetiram em outros pontos de Goiânia e várias cidades do País, mas desta vez o cenário era bem diferente daquele que predominou ao longo do mês de junho, quando a população foi espontaneamente às ruas para denunciar a má qualidade dos serviços públicos e a corrupção. As faixas substituíram os cartazes improvisados e grande parte dos manifestantes estava uniformizada, com camisetas das centrais sindicais.

Em Goiânia, a manifestação, que começou às 10 horas na Praça do Bandeirante, reuniu representantes de diversas organizações sindicais, de movimentos sociais e até políticos. Uma única bandeira do Brasil tremulava em meio a estandartes vermelhos, azuis, brancos, amarelos que indicavam a agremiação presente. A tentativa de união dos representantes dos trabalhadores não surtiu efeito no Dia Nacional de Lutas. O protesto começou dividido e terminou da mesma forma duas horas depois de uma movimentação até o Palácio Pedro Ludovico, na Praça Cívica, para retornar ao ponto de origem.

As centrais sindicais e suas vertentes, ao lado de representantes da União Nacional dos Estudantes (UNE), Assembléia Nacional dos Estudantes Livres (Anel), Movimento Camponês Popular (MCP), Movimento dos Sem Terra (MST), Unidade Vermelha, PSTU, PC do B e PT, fizeram discursos isolados em carros de som distintos. No final, a divisão ideológica ficou ainda mais evidente quando a CUT, com maior número de filiados na manifestação, executou o Hino Nacional. Integrantes da Conlutas, que pediram a Internacional, o hino socialista, vaiaram a opção pelo hino brasileiro com tambores.

Separadas ideologicamente e politicamente, Central Única dos Trabalhadores (CUT), Força Sindical, Nova Central Sindical, Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Central Sindical e Popular (CSP - Conlutas), Frente Sindical e Popular não conseguiram levar para as ruas um grande número de pessoas, porém atrairam a atenção de populares, a maioria trabalhadores do comércio, e de motoristas que tiveram que aguardar a passagem dos manifestantes. Agentes da Secretaria Municipal de Transportes e Mobilidade (SMT) fecharam todas as vias de acesso à Praça do Bandeirante, entre elas as avenidas Anhanguera e Goiás e demais ruas por onde o grupo passou. A Polícia Militar também mobilizou dezenas de viaturas, um efetivo de 80 militares a pé e até o helicóptero da corporação, mas não foi registrado nenhum incidente no protesto.

Os colegas Fábio Lucena, de 18 anos, Jheny Paula, de 19, e Fred Ribeiro, de 20, sairam do cursinho onde estudam no Centro de Goiânia e se depararam com a manifestação. “Nós apoiamos o protesto. É justo”, disse Fábio, mas preferiram acompanhar o movimento de longe. Os jovens explicaram que não “têm tempo” para participar porque estudam e trabalham. Já a funcionária pública federal Mária Aparecida da Silva estava na manifestação com o marido, o funcionário público aposentado Divino Roberto da Silva. “Somos pessoas comuns. Eu participei das Diretas Já e queria estar aqui hoje”, disse ela, segurando um cartaz com os dizeres “26 anos de espera”. Até quando?” sobre a demora da ferrovia Norte-Sul. Divino, cadeirante, que com outro cartaz pedia o fim da corrupção, se disse frustrado com o protesto. “Eles estão aí há muito tempo, não convencem”, comentou a respeito dos representantes de centrais sindicais. Mesmo assim o casal acompanhou o protesto até o final.

Mais protestos

Quatro rodovias federais que cortam o Estado foram interditadas ontem, em Goiás, em função dos protestos realizados no Dia Nacional de Lutas. Na capital, além da concentração na Praça do Bandeirante, teve também no Setor Leste Universitário, em frente ao Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal de Goiás (UFG). Segundo informações das Polícias Rodoviária Federal (PRF) e Militar (PM), as manifestações ocorreram de forma pacífica e não foram registrados incidentes. Apenas o trânsito - tanto na cidade quanto nas BRs - ficou mais lento, por causa dos bloqueios das vias.

O maior congestionamento foi verificado nas BR-153/060, chegando a cerca de seis quilômetros, aproximadamente às 9 horas. Em Catalão, Itapaci e Serranópolis, as pistas chegaram a ser totalmente bloqueadas pelos manifestantes, que queimaram pneus.

Fonte: O Popular