Dispositivo foi instituído para proteger a sociedade

Cientista político e professor da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Federal de Goiás (UFG), Francisco Tavares afirma que a derrubada das prerrogativas de foro em caso de infrações penais comuns é “salutar” e fortalece a democracia brasileira.

Para o professor, que também é bacharel em direito, as prerrogativas de foro foram instituídas com uma boa intenção. “Por incrível que pareça, o objetivo era proteger o cidadão e não os políticos. Pensava-se que se um juiz de primeira instância julgasse casos de políticos, ele seria muito facilmente alvo de pressão. Acreditava-se que a instância superior não teria condições de chantagear. Na prática, o efeito foi bem diferente do esperado. Uma certa casta brasileira acabou sendo julgada por instituições superiores, sujeitas a essas interferências”, afirma.

Francisco também argumenta que “magistrados de primeira instância são os que mais condenam por crimes de corrupção”. Questionado a respeito da possibilidade de mais recursos para entes políticos com retirada do foro privilegiado, ele contra-argumenta. “A partir do momento em que existe uma decisão e a ação é remetida diretamente para instâncias superiores, essa primeira decisão passa a ser referência para decisões futuras”, diz.

“Por outro lado, do ponto de vista técnico judicial qualquer decisão pode ter os efeitos valendo antes do transitado em julgado”, completa Francisco Tavares.

Fonte: O Popular