Música cult

Focado em jazz e blues, começa hoje o 1º Festival Internacional de Música em Goiás (Figo), com programação em Goiânia e Pirenópolis

Bruno Félix 14 de agosto de 2013 (quarta-feira)
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Bororó (esq.), ao lado de Zé Canuto, Jurim Moreira e Cristovão Bastos, do Quarteto Brasil: show hoje na abertura do evento

 

Um festival em cima do outro. Mal começou o Goiânia Canto de Ouro, promovido pela Secretaria Municipal de Cultura, e tem início hoje, a partir das 19 horas, com apresentação do músico Otávio Henrique Soares Brandão, o 1º Festival Internacional de Música em Goiás (Figo), ação do governo do Estado que segue até domingo. O evento será realizado na capital, até sexta-feira, e em Pirenópolis, no sábado e domingo, e é focado em música erudita, jazz e blues. Ao todo serão 24 atrações, entre elas o maestro Wagner Tiso, Hamilton de Holanda Trio e nomes de peso do tradicional jazz de New Orleans, como Leroy Jones e a cantora Topsy Chapman e a banda The Soul Rebels. As apresentações se dividem entre o Centro Cultural UFG e o Teatro Goiânia e todas têm entrada franca.

Além da coincidência de datas entre os eventos promovidos por Estado e município, outro ponto em comum é uma das atrações de abertura. O músico, compositor, arranjador e produtor goianiense Bororó abriu a etapa instrumental do Goiânia Canto de Ouro, no dia 8 (e que prossegue com shows nos finais de semana até o fim deste mês), e foi escalado na programação do primeiro dia do Figo.

A diferença é que o repertório do primeiro show foi em homenagem a músicos que o acompanharam durante a carreira, como João Donato, Caetano Veloso, Edu Lobo, Gal Costa, Martinho da Vila, entre outros. Agora, ele se apresenta ao lado do Quarteto Brasil, grupo instrumental do Rio de Janeiro que é formado, além do baixista goiano, por Cristovão Bastos (piano), Jurim Moreira (bateria) e Zé Canuto (sax), no Teatro Goiânia.

“São coisas totalmente distintas. Agora é outra proposta”, garante ele. No repertório, eles vão apresentar músicas do disco Bossa Nova Delicado, gravado exclusivamente em 2007 na Europa, pelo selo Kind of Blues, com composições próprias e interpretações de sucessos de Luiz Gonzaga, Waldir Azevedo e Dave Brubeck. Outra novidade do show será o pré-lançamento do álbum Brasil Nação Kalunga, trabalho de 20 anos de pesquisa de Bororó que faz uma fusão entre África, Cuba e Brasil ritmicamente. No disco, interpretam as canções do goianiense artistas de renome como Milton Nascimento, Zeca Baleiro, Sérgio Ricardo, Gilberto Gil, Chico Buarque, Paulinho Moska e Janaína Felipe.

Destaques

Entre outros destaques do primeiro dia de evento, está o grupo franco-suíço No Square, composto pelos músicos Matthieu Durmarque, Matthieu Roffé, André Hahne e Alexandre Ambroziak, que juntos lançaram oito álbuns, sendo Les Lois de L’Éphemère o mais recente, em 2012. Outro ponto alto será o encerramento da segunda noite com a Orquestra Filarmônica de Goiás, com regência de Carlos Eduardo Moreno.

Em parceria com o Bourbon Street Fest, um dos maiores festivais de jazz e black music do País, o Figo traz para Goiânia o trompetista Leroy Jones, considerado um dos músicos mais completos que New Orleans (EUA) produziu nos últimos 30 anos. Ele é famoso por interpretações que conduzem à história do ritmo. No seu show, marcado para sexta-feira, ele estará acompanhado da cantora Topsy Chapman, que interpreta soul, gospel e blues .

Evento: 1º Festival de Música Internacional de Goiás (Figo)

Data: De hoje a domingo

Local: Goiânia – Teatro Goiânia (Avenida Tocantins, esquina com Rua 23, Centro) e Centro Cultural da UFG (Praça Universitária) / Pirenópolis – Teatro Pireneus (Rua do Largo do Rosário) e Cine Teatro Pireneus (Rua Direita, s/nº, Centro) /

Entrada franca

Mais informações: 3201-9857

 

Faltou comunicação, diz secretário sobre coincidência de eventos

Rogério Borges 14 de agosto de 2013 (quarta-feira)

 

Com um custo total de R$ 1 milhão, todo bancado pela Secretaria Estadual de Cultura de Goiás, o 1º Festival Internacional de Música em Goiás leva a Pirenópolis seu segundo evento musical de grande porte. A promoção do evento foi um pedido pessoal do governador Marconi Perillo a Gilvane Felipe, titular da Secult-GO.

“No ano passado, no show de encerramento do Canto da Primavera com o Milton Nascimento, o governador nos pediu para organizar um festival de blues e jazz em Pirenópolis”, conta Gilvane. “Nós fizemos algumas adaptações e incluímos a música erudita e a instrumental no festival, já que são dois gêneros que nem sempre encontram portas abertas para serem divulgados”, explica. Outra mudança foi trazer parte das atividades para Goiânia. “A capital costuma ficar de fora dos eventos que fazemos pelo Estado e isso não é de hoje”, reconhece.

Gilvane não confirma que haja problemas políticos entre as esferas estadual e municipal para fazer mais projetos culturais em Goiânia, mas admite que não sabia que uma outra maratona de música instrumental começou no último final de semana na capital. O Goiânia Canto de Ouro, projeto da Secult municipal, mudou de data – era no início do ano e foi deslocado para o segundo semestre em 2013 por dívidas que a pasta municipal da Cultura tinha a saldar – e alterou um pouco seu perfil, privilegiando também a música instrumental, com shows de quinta a sábado no Goiânia Ouro. “Eu sinceramente não sabia disso. Acho que faltou comunicação melhor entre as duas secretarias para acertar esse calendário”, concorda Gilvane.

“Mas o Figo é algo diferente”, alega Gilvane. “Nós estamos com atrações internacionais importantes. São artistas muito respeitados lá fora. A curadoria é de Edgar Rabesca, o mesmo do Bourbon Street Fest, de São Paulo, o mais importante festival de jazz e blues do País. Temos uma boa parceria com eles. O Edgar nos ajudou a selecionar os artistas locais e a convidar os internacionais.”

Ele revela que a intenção era realizar o evento em junho ou julho, mas havia um problema de calendário. “Ia encavalar com o Fica. Também não queríamos fazer o festival numa cidade turística durante as férias, já que neste período Pirenópolis já conta com uma ocupação naturalmente maior.” Ainda segundo ele, a Secult-GO vai trabalhar para que, em 2014, o Figo conte com recursos da Lei Rouanet, do Ministério da Cultura.

Licitação

O fato de haver dois grandes eventos de música no calendário cultural do Estado enquanto outras áreas, como literatura, não têm nenhum também não é motivo de incômodo para Gilvane. “A música é a área que tem mais demanda. Para você ter uma ideia, tivemos, só de artistas goianos, 400 inscrições para cantar durante o Fica. Os filmes inscritos no festival, do mundo todo, somaram 488. Isso porque não atendemos a música sertaneja, que se autossustenta.”

Ele também falou sobre a Oscip Instituto de Desenvolvimento Econômico e Socioambiental (Idesa) ter ganho, também, a licitação para organizar o Figo, assim como já havia ocorrido com o Canto da Primavera. “O problema é que em Goiás só há uma Oscip habilitada para esse serviço. Não posso cancelar um evento porque a licitação só tem um concorrente. Estou sabendo de uma boa notícia, a de que há outra Oscip sendo montada para atuar na área. Quanto mais concorrência, melhor.”

Para o secretário, que administra uma pasta cujo orçamento anual é de cerca de R$ 30 milhões e que vive, desde o início de sua gestão, numa queda de braço quase ininterrupta com a Secretaria da Fazenda por recursos para a Lei Goyazes e para o Fundo Estadual de Cultura, o valor de R$ 1 milhão para o Figo é razoável.

“Sei que podem criticar a realização do festival neste momento em que a Lei Goyazes atravessou problemas, mas temos que lutar pelos dois, parar de provincianismo.” Em sua opinião, eventos como o Figo são importantes para o Estado, formam público e “massa crítica”. “A grande solução para os nossos problemas é a efetivação do Fundo Estadual de Cultura. Dele sairão os recursos necessários para fazer as políticas públicas mais amplas na área cultural, apoiar os projetos da sociedade.”

Fonte: O Popular