Futuro está na agroindústria

Quando os monarcas decidiram incentivar a agropecuária na Província de Goyaz e, cem anos depois, Juscelino Kubitschek estimular a industrialização do Estado, mal sabiam eles que estavam oferecendo as diretrizes para o crescimento da economia local do século 21. A tendência é de[TEXTO] que a [/TEXTO]agropecuária e a indústria, na chamada agroindústria, registrem nos próximos anos a maior expansão econômica desde o seu surgimento, há 30 anos.
Isso significa que o perfil da economia local não deve sofrer grandes alterações no futuro, mas deve se reorganizar com uma agroindústria mais forte. A perspectiva é de economistas, empresários, representantes do setor produtivo e de pesquisadores. As avaliações dos especialistas são unânimes: a economia goiana caminha a passos largos para maior agregação de valor de sua produção agropecuária pela indústria. 
O agronegócio, que hoje é responsável por 27,6% da riqueza do Estado, deverá chegar a 40% do Produto Interno Bruto (PIB) até 2050, mas sem tirar espaço do setor de comércio e serviços, que responde por mais de 50% da economia do Estado, preveem especialistas consultados pelo POPULAR, com base no comportamento histórico da economia goiana. 
 
Causas
 
O crescimento previsto da agroindústria está apoiado na tese de que a demanda mundial por alimentos tende a aumentar - mais do que já aumentou nos últimos anos. “Caberá aos Estados agroindustriais, como Goiás, atender a este chamado. Com o objetivo de ganhar competitividade, as parcerias entre agricultura e indústria avançarão em todo o Estado”, diz o secretário da Indústria e Comércio, Alexandre Baldy.
 
Este processo não surgirá do acaso. “A agricultura e a indústria são os setores mais incentivados pelo Estado historicamente. É natural que alcancem maior importância econômica, como fruto do trabalho que vem sendo feito”, diz o professor de História Econômica da Universidade Federal de Goiás (UFG), Barsanulfo Gomide. 
 
O prognóstico é de que mais indústrias responsáveis pelo esmagamento e processamento de soja, frigoríficos, processadoras de tomates, laticínios, bem como supridoras de insumos como as produtoras de ração e que transformam cana em etanol e açúcar surjam no Estado, avalia o analista de Mercado da Federação da Agricultura de Goiás (Faeg), Pedro Arantes. 
 
“Esta vocação já está consolidada, mas deve fortalecer o setor industrial e o agronegócio. Vivemos uma mudança profunda nos últimos anos. A indústria vai procurar nossa produção para agregar valor”, sugere o produtor de soja Sadi Secco.
 
Serviços
 
O setor terciário tende a se especializar mais com o aumento da renda e do número de empregos gerados com o avanço da agroindústria. Este processo não ocorrerá apenas em Goiânia, onde hoje há maior concentração de empresas prestadoras de serviços. “A previsão é de que o comércio se especialize em polos como Rio Verde e Catalão, cidades onde agroindústria mais vai crescer”, diz o presidente da Fecomércio, José Evaristo.
 
Não se espera o surgimento e preponderância de novos nichos de mercado, como indústria de eletroeletrônicos, por exemplo. A ideia é que os segmentos onde Goiás tem maior know-how ganhem destaque. Ou seja, o Estado deixará de vez o status de produtor de commodities para se tornar uma legítima economia orientada pelo agronegócio. 
 
“A economia local está inserida num ciclo produtivo de longo prazo, com enfoque na agroindústria, que não emite nenhum sinal de esgotamento”, diz o economista e professor da PUC Goiás, Jeferson de Castro. Este processo dará a Goiás a condição de galgar novos postos no ranking dos Estados mais ricos do País. O Estado ocupa a nona posição, mas poderá subir um ou dois postos, podendo chegar até a sétima posição.

Fonte: O Popular