De beca nova

Traje de formatura da UFG ganha criação exclusiva do curso de Design de Moda, com novo formato e tonalidade

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Os designers de moda Gerson Passos e Iara Jerônima Baco participaram do projeto da elaboração das novas beca s vestidas pelos modelos à esquerda
Valeria Lopes
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Trajes elaborados para as autoridades da mesa diretiva

A Universidade Federal de Goiás, uma das raras exceções no show pirotécnico que virou o mercado das formaturas, se rendeu à moda. As colações de grau da universidade também estão de cara nova. O reitor da UFG, Edward Madureira Brasil, propôs ao curso de Design de Moda da instituição a elaboração de uma nova beca. O projeto tem quase dois anos e já foi usado em recentes colações.

O novo projeto elaborado pela reitoria da UFG pretende oferecer a colação de grau totalmente gratuita para os futuros formandos da instituição. A iniciativa é democratizar e facilitar o acesso de todos os alunos à colação de grau, que antes tinha um custo para terceirizar o aluguel das becas em empresas especializadas.

Sob a coordenação da professora Maristela Novaes, alunos e ex-alunos do curso de Design de Moda da UFG e de instituições parceiras realizaram uma força-tarefa para elaboração dos trajes. A proposta partiu do próprio reitor que acompanhou de perto todas as etapas.

“Além dos alunos da moda, participaram professores do curso de estatística para nos auxiliar na elaboração de um modelo que fosse prático e unissex. A indústria brasileira não tem uma tabela de tamanhos, as empresas trabalham de forma intuitiva, de acordo com o perfil do seu consumidor. A área de estatística utilizou dados do IBGE para construir uma tabela antropométrica. Assim, trabalhamos com seis tamanhos (PP, P, M, G, GG e EG) e três alturas”, ressalta Maristela.

Foram produzidos três modelos de becas: do reitor, da mesa diretiva e dos formandos. O traje do reitor manteve um pouco mais a formalidade, com a beca, pelerine, estola e capelo. Já o das autoridades da mesa é apenas beca e pelerine, e dos alunos, beca, capelo e estola da cor representativa à profissão.

O designer e produtor de moda Gerson Passos, 23, que trabalhou no projeto quando ainda era aluno da UFG, afirma que a referência utilizada para a confecção de um novo traje institucional da universidade foi o período do fim da Idade Média. “Pesquisamos e descobrimos que o surgimento da beca foi na Idade Média e se popularizou na virada para o Renascimento. As becas derivam das vestes talares que representam as roupas dos juízes e magistrados. Além disso, no estudo, descobrimos que as becas eram utilizadas como uniformes nas universidades, como na França e na Inglaterra. Depois de algum tempo ela passou a fazer parte apenas das cerimônias oficiais”, ressalta.

Modelagem

A beca foi projetada com modelagem curta e com forma ampla – silhueta em A – e ganhou pregas, fendas, mangas compridas em modelo sino e em microfibra para garantir que a peça dure por mais tempo, sem desbotar e amassar com facilidade. “Alguns pontos da confecção da beca foram difíceis porque, como a produção foi em série, precisamos corrigir vários defeitos”, aponta a designer de moda Iara Jerônima Baco, 24, uma das envolvidas no projeto que levou quase um ano – entre estudo, protótipo e testes de produção – para chegar ao resultado final.

Além disso, o projeto precisava manter a formalidade que a ocasião pede. “A colação de grau é algo formal e tinham certos padrões que precisávamos manter por uma proposta da UFG, por isso, tentamos fazer uma beca atemporal e mais simples nos aviamentos, diferentemente dos que vimos em nossa pesquisa, encontramos muitas universidades com trajes incrementados. Nós também tivemos que nos preocupar com a criação de uma peça que não desfavorecesse a proporção corporal de cada aluno”, ressalta Iara.

Modelos: Higor Marcucci e Beatriz Ferreira (Agência Mega Model GO)

Beleza: LeSalon

Assinatura fashion

02 de outubro de 2013 (quarta-feira)
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Vivienne Westwood (centro) no desfile da entrega das becas

A partir de 2008, provavelmente as formaturas do King’s College London nunca mais foram as mesmas e ganharam um toque de requinte e assinatura de uma grande estilista. A britânica Vivienne Westwood foi convidada pelo reitor da época para desenhar as becas e capas das cerimônias de entrega dos diplomas da instituição. Cada vestimenta foi elaborada com um botão com o símbolo da universidade e as cores representativas de cada curso e tipo de graduação ou especialização.

Na época, Vivienne Westwood comentou qual foi a inspiração para a criação do novo design da beca do King’s College London. “Através da minha reformulação do manto tradicional tentei ligar o passado, o presente e o futuro. Nós somos o que sabemos”, ressaltou. Para entregar os trajes, Vivienne realizou um desfile na ocasião. As becas são em formato de capa com uma faixa no estilo estola sobre os ombros. Diferentemente das becas tradicionais, em que não se pode ver o que o aluno está usando por baixo, a elaborada pela estilista deixa a parte da frente aparente e os formandos entram em consenso sobre a roupa padrão que irão usar.

Para a produção da nova beca da Universidade Federal de Goiás, Gerson Passos e Iara Jerônima Baco também partiram da premissa usada pela estilista britânica em valorizar o símbolo e as cores da instituição goiana. A coordenadora do projeto, Maristela Novaes, esteve na Inglaterra e participou de uma colação de grau da Universidade de Oxford, onde pôde conhecer de perto o modelo que está sendo usado no exterior. “Em Oxford, as becas são coloridas e mais curtas. Não se usa mais beca muito longa. A nossa maior preocupação foi com a praticidade”, afirma.

 

Ajustes

02 de outubro de 2013 (quarta-feira)

Segundo a coordenadora do projeto, Maristela Novaes, a partir de agora as becas vão passar por novos ajustes, como algumas alterações quanto a medida. “Com as recentes colações de grau que já utilizaram a nova beca, percebemos quais os tamanhos e alturas que estão saindo mais”, conta a professora. Ao total, a UFG pretende confeccionar 900 becas para atender os câmpus de Goiânia e do interior. Até o momento, foram confeccionadas cerca de 250 becas, incluindo a do reitor e da mesa diretiva.

A tradicional faixa usada na cintura, que sobe e desce de acordo com a movimentação, foi substituída por uma estola. “Preferimos a estola que é mais prática e muito utilizada em toda a Europa”, disse Maristela. Sobre a escolha das cores das estolas, a professora ressalta que foi uma das partes mais difíceis porque alguns cursos utilizam a cor na faixa igual à da pedra preciosa que representa a profissão e outros não.

 

Fonte: O Popular