Servidor público com orgulho

Quem pensa que vida de funcionário público é fácil se engana. Ari Diógenes é um exemplo. Chega todo dia ao trabalho às 6h30 . Sai somente depois do governador Marconi Perillo deixar o Palácio Pedro Ludovico Teixeira. Faz isso há 47 anos, sem descanso, sem falta. Já trabalhou para 17 governadores e, garante, nunca teve problema com nenhum.

Começou em 1966, contratado da Rádio Brasil Central, do antigo Consórcio de Radiodifusão do Estado de Goiás (Cerne), como repórter. Menos de um ano depois, foi chamado pelo então governador Otávio Lage para trabalhar no gabinete como assessor de imprensa. Por lá ficou. Ari é conhecido de todos no Palácio, da cozinheira ao governador. Considera todos como amigos.

Já aposentado, sempre é chamado de volta pelos governadores. “Acho que sou o funcionário mais antigo do Palácio. Todo governador que entra diz para eu ficar. Acho que minha longevidade no trabalho vem porque não tenho discriminação. Não importo de que partido ou classe social é o governante. Faço meu trabalho com ética, profissionalismo, orgulho e pontualidade”, orgulha-se.

Recorda com certo saudosismo do começo difícil. Gosta de lembrar que, nas décadas de 1960 e 1970, não havia as facilidades dos computadores, da internet, dos celulares. “As pautas no interior eram ainda mais complicadas. Não havia campos de pouso na grande maioria das cidades. Goiás era um Estado muito grande, pois englobava Tocantins. Vivíamos numa correria contra o tempo, carregando filmes e gravações”, completa.

Passou também por dificuldades. Em 2000, sofreu um acidente grave de avião. Quebrou a clavícula, o braço e foi diagnosticado pelos médicos com um coágulo no cérebro. Estava a trabalho. A aeronave caiu em Goiânia, numa fazenda próxima ao Campus da Universidade Federal de Goiás (UFG), na saída para Nerópolis. Foi resgatado de helicóptero e recebido pelo governador Marconi Perillo e a primeira-dama, Valéria Perillo. Ari Diógenes é destaque no dia do servidor público.

Comemoração

As leis que regem os direitos e deveres dos funcionários públicos no País tiveram sua publicação no dia 28 de outubro de 1939, no governo do então presidente Getúlio Vargas. A partir daí, o dia foi escolhido para comemoração. Atualmente, segundo dados do Portal do Servidor do Governo Federal, são mais de 1,2 milhão de servidores públicos federais, distribuídos em 214 órgãos.

O gigantismo do Estado brasileiro é demonstrado pelos números. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o país conta com mais de 6 milhões desses trabalhadores, somente nas prefeituras. Em 2012, o percentual de crescimento de funcionários públicos nos municípios cresceu mais que a população. O efetivo aumentou 31,7%, enquanto a população cresceu apenas 7,2%.

Em Goiás, atualmente, são 107.851 servidores ativos no Estado de Goiás, sem contar os municipais. Ari diz que não trocaria seu emprego por nada. “Sempre tento parar de trabalhar, mas amo o que faço e os governadores não deixam, me querem ao lado deles. Eu me sinto muito feliz, pois ajudei a imprensa goiana a crescer”, diz, convicto.

Estabilidade

Vinicius de Oliveira, 27, é funcionário público municipal há três anos. Escolheu a carreira pela estabilidade que o emprego proporciona. Também pelo tempo disponível. Trabalha em regime de escala. Ou seja, tem tempo livre para os estudos. Quer ser servidor federal, pois a remuneração é maior e há possibilidade de mobilidade para outros Estados. Vai tentar novo concurso.

O servidor acredita que o emprego público é a melhor forma de trabalho. “É uma espécie de estado de bem-estar social. Assim como na Europa, onde os trabalhadores têm plano de saúde, previdência social, salários dignos e regime razoável de trabalho, o emprego público nos dá certas garantias básicas”, acredita.

Fonte: jornal O Hoje