Mais oportunidades para bolsistas

Enviado em 08/02/2014 às 21h03

Wilson Isaías

Para se firmar como a sétima economia do mundo e se garantir em um mercado que cada vez mais exige mais inovações tecnológicas, o Brasil nos últimos anos aumentou vagas e financiamentos para ensino superior e pesquisa. Segundo dados do Ministério da Educação, o Programa Universidade para todos (ProUni) que foi implantado pelo governo federal em 2005, já beneficiou desde sua criação até o processo seletivo do primeiro semestre de 2013, mais de 1,2 milhão de estudantes, sendo 68% com bolsas integrais.

Já o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) desde o início de 2012, já financiou mais de 140 mil estudantes e atualmente, há mais 500 mil universitários estudando graças a esse financiamento. O ProUni financia estudantes vindos de escolas públicas e o Fies de privadas. Um estudo do pesquisador da UFG, João Ferreira de Oliveira, mostra que a produção científica no País experimentou crescimento de 205% e 17,2% no registro de patentes.

 Os acadêmicos da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), Igor Gabriel Reis, 20, e Daniel Souza, 18, são beneficiários de financiamentos públicos. Ambos confessam que fazem o curso que desejam graças ao crédito oferecido pelo governo federal. Dizem que existem linhas de crédito privado, mas que a maioria se destina à pós-graduação, os juros são altos e o período de carência menor do que o oferecido pelo ProUni e Fies. As semelhanças, contudo, param por aí.

Daniel fez o Ensino Médio, antigo segundo grau, em uma das escolas particulares mais caras de Goiânia. Agora cursa o terceiro período de Medicina. Curso cujas mensalidades giram em torno de R$ 5 mil. Mora no Faiçalville, bairro de classe média em Goiânia, vai de carro para a escola e almoça por lá todos os dias.

Já, Igor Gabriel, faz o terceiro período do curso de Direito que tem a mensalidade de aproximadamente R$ 1 mil. Estudou em um colégio estadual no Jardim Guanabara e concluiu o ensino médio no antigo Cefet, agora Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (IFG). Mora no Residencial Santa Fé, saída para a cidade de Guapó, acorda antes das 5h, para seguir viagem, de duas horas, de ônibus, até à Universidade, leva lanche de casa e geralmente só faz uma refeição completa quando chega à sua residência, à noite.

Ambos são financiados 100%. Daniel explica que conseguiu o Fies por que os pais são separados e “nós conseguimos comprovar que o salário da minha mãe, que é funcionária pública, e a pensão paga pelo meu pai, não seriam suficientes para pagar a mensalidade de R$ 5 mil”. Ele diz que se não tivesse passado no vestibular, iria fazer cursinho no mesmo colégio onde concluiu o segundo grau. Igor, não fez vestibular na PUC e em nenhuma outra universidade particular.

Ele conquistou a vaga graças à média obtida no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), e ao financiamento do ProUni. Declara rindo que “o salário da minha mãe, que é funcionária da prefeitura, iria todo para a mensalidade”. Ele conta que não compra livros, só estuda em bibliotecas e pela internet e que “se não tivesse conseguido a vaga e o financiamento, eu iria me preparar para o vestibular em casa porque cursinho é muito caro”, conclui

Reconhecimento

Os universitários têm opiniões parecidas quando o assunto é a importância do financiamento para o prosseguimento em suas vidas estudantis. Daniel diz que o Fies é a grande oportunidade, e que “sem ele seria difícil para os meus pais pagarem a minha faculdade, já que o curso é em período integral e não existem muitas opções para eu ter qualquer tipo de renda. Já Igor Gabriel completa: “O ProUni significou a chance de realizar o sonho de entrar na faculdade e também me deu a possibilidade de escolher o curso que desejava fazer e isso é muito importante porque muitos jovens ficam naquele dilema de que vou fazer o curso que der para passar no vestibular.”

mercado, Pesquisas e patentes

Um estudo do pesquisador da UFG, João Ferreira de Oliveira, intitulado: A Política de Ciência, Tecnologia e Inovação. A Pós-Graduação e a Produção do Conhecimento no Brasil, mostra que o número de publicações científicas no Brasil aumentou, 205%, entre 2000 a 2009. Isso colocou o País em 13º lugar no ranking mundial de produção científica, saltando de 10.521 artigos publicados para 32.100. Já em número de depósito de patentes, o País ocupava o 24º lugar, em 2011, com o registro de 572 patentes e um crescimento de 17,2%, ou seja, superior à média mundial que foi de 10,7%. O mesmo estudo aponta que “conforme o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), o Brasil fechou 2011 com mais de 150 mil pedidos de marcas e 30 mil de patentes.

O estudo de João Ferreira se ampara em bancos de dados da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Conselho Nacional de De Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovação, IBGE, INPI e diversos outros órgãos públicos e privados. “Com o processo de acumulação flexível de acumulação de uma economia do conhecimento cada vez mais globalizada, vêm se multiplicando as demandas econômicas para as universidades e as políticas de Ciência, Tecnologia e Inovação-(CTeI)”, constata o estudo.

Ferreira destaca que o ministério que lida mais diretamente com o assunto passou a se chamar Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, ou seja, entrou no foco da economia global ao acrescentar a expressão inovação em sua nomenclatura. Sua ideia pode ser resumida em uma frase do seu estudo: “De um lado, a formação para um mundo de trabalho mais competitivo e complexo que requer ensino superior para o desenvolvimento de competências e habilidades econômicas e profissionais e, de outro, a geração de tecnologias e inovações que resultem em um conhecimento aplicado às necessidades das empresas em suas diferentes cadeias produtivas.”

Ensino Tecnológico

A expansão de matrículas também ocorreu no nível tecnológico, ocorrendo um aumento de 51% nos últimos quatro anos. Se em 2009, havia 486.730 alunos, em 2012 esse número foi elevado para 944.904. Esse tipo de graduação é diferente das convencionais, por ter uma carga horária reduzida e uma grade mais prática, focada na preparação para o mercado de trabalho.

A expansão entre os anos de 2011 e 2012 foi menor, comparado ao período anterior: de 2010 a 2011, quando subiu 11,4% e, de 2011 a 2012, apenas 7,9%. Contudo, esse aumento de vagas em cursos tecnológicos ainda é maior, se confrontarmos com os de bacharelado e de Licenciatura. Esses, entre 2011 e 2012, cresceram 4,4% e 0,7%, respectivamente. De acordo com o Censo de 2012, existem 5.969 cursos tecnólogos no País, sendo 1.117 em instituições públicas e 4.852 em instituições privadas. Em 2012, foram 189.035 concluintes da modalidade no Brasil.

Fonte: O Popular