Mais um triunfo de Goiás no vestibular

Psicólogo diz que, para uma pessoa se destacar em alguma área, é preciso que ela estude dez mil horas

Enviado em 07/02/2014 às 21h44

Aparecida Andrade

Por que algumas pessoas se dão bem na vida? Qual o segredo do sucesso? Quais são os fatores que levam uma pessoa ao sucesso? Há quem acredite que existem aqueles que nasceram predestinados para brilhar e por isso não há muito o que fazer. Nada disso, a ciência desvenda o segredo do sucesso e, a grande surpresa é que toda pessoa, seja rica, pobre, bonita ou nem tanto, tem potencialidade para alcançar o topo. E para chegar lá basta fazer uso de quatro combinações em altas doses: motivação, treino, autocontrole e um pouco de sorte, com esses ingredientes é quase certo que as conquistas serão alcançadas.

Em matéria publicada na revista Super Interessante, o professor de Psicologia da Universidade da Flórida, Anders Fricsson, que há 20 anos estuda por que algumas pessoas têm mais sucesso que outras, chegou à conclusão, depois de observar grandes talentos das mais diversas áreas, que, para uma pessoa se destacar em alguma área é preciso que ela estude dez mil horas. “O que realmente faz alguém ficar bom em algo é treino duro, dolorido, no limite do executável. No fim das contas, é treino tão difícil que modifica seu cérebro”, diz não haver nenhuma evidência de que exista uma causa genética para o sucesso ou o talento de alguém.

Cita como exemplo as crianças prodígios, como Mozart, que há séculos vem sendo citado como prova absoluta de que talento é uma coisa que vem de nascença para alguns escolhidos. Wolfgang Amadeus Mozart aos três anos começou a tocar piano, aos cinco já compunha e aos seis se apresentava para o Rei da Bavária de olhos vendados e, finalmente, aos 12 terminou sua primeira ópera. Mas a vocação dele não apareceu do nada, o pai era professor de música e desde cedo dedicou a vida a educar o filho. “Estima-se que aos seis anos Mozart já tivesse estudado piano durante 3.500 horas. Quer dizer, ele não era talentoso, era assustadoramente dedicado”.

O sucesso também depende de sorte. Um estudo feito na Universidade do Kansas mostrou que crianças que crescem em classes sociais mais baixas são expostas a um vocabulário menos variado, chegam a ouvir 32 milhões de palavras a menos nos primeiros quatro anos de idade que as de classe mais ricas. O que pode não ter relação direta com a inteligência dessas crianças, mas que as afetam na maneira como vão se relacionar com outras pessoas.

A estudante Isadora Santos Bittar, 18, aprovada em oito vestibulares para Medicina, entrou para a escola quando ainda tinha dois anos de idade. “Isadora foi muito bem preparada para isso, era difícil explicar para ela que aos finais de semana não havia aula, pois queria ir para a escola todos os dias”, conta o pai, professor de Educação Física, Amador Carlos dos Santos Junior, 48 anos.

Os pais liam contos de fadas, interagindo com ela através das figuras dos livros, cores, números, letras, palavras, sons, jogos interativos, manusear o computador, dentre outras coisas, Isadora aprendeu com o pai. “Mesmo antes de aprender a ler, ela adquiriu o hábito da leitura antes de conhecer as letras”, descreve o pai realizado. Amador lembra que a filha tinha em sua coletânea de CD’s interativos: Stradivakius, o concerto das cores, e o que considerava o melhor, o Coelho Sabido, que vai do maternal à quarta série. “Não queríamos antecipar etapas, mas no 2º ano ela já zerava o CD rom da 4ª série”, descreve.

Até os onze anos, Isadora contou com a ajuda dos pais nas realizações de tarefas escolares, quando ela disse aos pais que não haveria mais necessidade deste acompanhamento e iniciou a própria independência nos estudos. A educação infantil, pré-escola ao ensino fundamental, ela cursou em colégios particulares, sendo destaque desde a pré-alfabetização. “Nesse período Isadora ocupava o tempo com outras atividades e fez cursos de canto coral, natação, teclado e dança”, lembra Amador.

Hoje, com apenas dezoito anos, a estudante já passou em oito vestibulares só para Medicina. Quando ainda cursava o 1º ano do ensino médio foi aprovada no vestibular para Engenharia Civil na Universidade Federal de Goiás (UFG). De lá para cá não parou mais de testar seus limites e revela o porquê da decisão. “No ensino médio comecei estudar focando para o vestibular, então eu pegava os testes que os professores davam com exercícios de outros vestibulares para praticar”, diz.

No segundo ano continuou prestando vestibular e foi aprovada para Engenharia e Medicina na UFG, e no terceiro ano, prestou o vestibular de meio de ano da UFG, ficando em primeiro lugar. “Achei importante para praticar, para não ficar nervosa na hora de fazer a prova definitiva”, revela Isadora.

Definitivo

Finalmente a jovem  prestou vestibular em caráter definitivo na Universidade de Brasília (UnB), 1ª colocada em Medicina, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) 4ª, Universidade Estadual Paulista (Unesp), Universidade Federal do Ceará (UFC), Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), Universidade Federal Fluminense (UFF), Universidade Federal de Goiás (UFG) e a Universidade de São Paulo (USP), onde Isadora escolheu fazer o curso de Medicina.

Fonte: Diário da Manhã