Professor alerta para risco de barbárie popular

 

18 de fevereiro de 2014 (terça-feira)

O professor de sociologia e membro do Núcleo de Estudos de Violência e Criminalidade da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Federal de Goiás (UFG), Djaci David de Oliveira, afirma que as pessoas estão profundamente descrentes com a política de segurança. Para ele, a falta de credibilidade da polícia e a morosidade da Justiça têm levado os cidadãos a querer fazer justiça por conta própria.

“A polícia tem muita coisa para resolver e a gente sabe que ela não perde tempo com pequenos delitos. E mesmo em flagrantes ou casos mais graves, quando você percebe que um crime demora dez anos para ser julgado tem um sentimento de que não adianta procurar as instituições, de impunidade”, explica o sociólogo.

Oliveira também condena a atitude de “justiceiros” e é categórico: “Não existe Justiça com as próprias mãos”. O sociólogo argumenta que, quando as pessoas se acham no direito de fazer Justiça por conta própria, vão cometer mais injustiças. Primeiro, porque elas não são autoridades legalmente constituídos. Segundo que, para cada tipo de crime, a Justiça tem um tipo de pena, e em situações de revolta as pessoas protagonizam cenas bárbaras, como no Rio de Janeiro, onde um suspeito foi acorrentado nu a um poste, com uma trava de bicicleta no pescoço, e teve parte da orelha cortada.

Um caso clássico de barbárie promovida pela indignação popular, segundo Oliveira, são os linchamentos. Mas a violência extrema, onde o infrator paga com a própria vida, quando o cidadão deixar de recorrer ao sistema legal, há outros riscos. O sociólogo destaca o fomento de estruturas paraestatais, que, usando o discurso de promover a justiça, formam verdadeiras organizações criminosas, como é o caso das milícias e dos grupos de extermínio.

Mudar esse cenário só será possível, na avaliação de Oliveira, quando o sistema de segurança pública mudar a percepção da sociedade. “As instituições policiais precisam voltar a ter um grau de confiabilidade, dando resposta tanto para os crimes graves quanto para os mais simples. A Justiça precisa se reiventar e dar a resposta ágil que a população precisa.”

Fonte: O Popular