Cai número de alunos em Goiás

Dados estaduais refletem situação nacional. Redução no ensino básico foi de 0,5%

 

Maria José Silva 27 de fevereiro de 2014 (quinta-feira)

Nos últimos três anos, a quantidade de estudantes nas escolas goianas vem diminuindo. Os dados do Censo Escolar da Educação Básica 2013, produzido pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), mostram que o número de alunos matriculados nas escolas públicas e particulares responsáveis por ministrar o ensino básico caiu cerca de 0,5% entre os anos de 2010 e 2013, passando de 1.458.141 para 1.430.561.

A realidade verificada em Goiás segue uma tendência nacional. Em todo o País, conforme o estudo, a redução na quantidade de pessoas nas salas de aula foi ainda maior. Em 2010 havia 51.549.889 estudantes regulares em todo o território brasileiro. Quatro anos depois, o quantitativo de alunos na educação básica decresceu para 50.042.448, o que corresponde ao índice de 3%.

Os dados do Inep revelam, ainda, que houve decréscimo de estudantes no Ensino Fundamental e no Ensino Médio. Já na Educação Infantil, Ensino Integral, Ensino Especial e Educação Profissional foram constatados avanços significativos. Em Goiás, a quantidade de pessoas fazendo cursos profissionalizantes, por exemplo, passou de 18.902, em 2010, para 25.975, o que corresponde a um aumento de 37,4%.

Educadores ouvidos pelo POPULAR avaliam que houve melhoria em grande parte das fases da educação, inclusive no Ensino Fundamental, onde foi registrada queda no número de alunos. O Ensino Médio, ministrado na adolescência, uma das mais importantes fases da vida, é, conforme gestores e estudiosos, o grande desafio das autoridades da área de Educação.

Obrigatoriedade

Em 2009, o governo federal editou a Emenda Constitucional número 59, que prevê, entre outras questões, a ampliação da obrigatoriedade da educação básica no País. Até então, o Estado tinha o dever de oferecer o ensino à população dos 6 anos aos 14 anos. Com a emenda, a faixa etária foi estendida dos 4 anos aos 17 anos.

O professor da Universidade Federal de Goiás (UFG), Luiz Dourado, membro do Conselho Nacional de Educação, assinala que a universalização do Ensino Médio constitui uma das principais metas a ser atingida. Ele observa que o Estado já efetivou uma série de programas que melhoraram o acesso nas demais fases, entre os quais a ampliação de oferta de vagas na Educação Infantil e a expansão dos Institutos Federais de Educação.

“O grande foco agora é a expansão do Ensino Médio,”, acentua Luiz Dourado. Ele aponta a necessidade de adoção de instituição de um sistema nacional de educação, com a articulação e cooperação do Estado, municípios e União, de modo a garantir o estabelecimento de políticas orgânicas na área.

Qualidade

O superintendente do Ensino Médio da Secretaria Estadual de Educação, Fernando Pereira dos Santos, destaca que os gestores preocuparam-se inicialmente, em universalizar o Ensino Fundamental. Esta estratégia, efetivada a partir de meados dos anos 90, não implicou, necessariamente, conforme o superintendente, na adoção de mecanismos que garantissem a qualidade do ensino ministrado às crianças.

Os alunos, observa Fernando Pereira dos Santos, concluem o Ensino Fundamental sem terem aprendido o essencial. Quando migram para o Ensino Médio, deparam-se com 14 disciplinas obrigatórias, algumas delas complexas, como Física e Química. Tal fato, conforme diz, leva ao abandono do curso.
Redução estaria vinculada à diminuição de repetência

Tornar as disciplinas que compõem os três anos do Ensino Médio mais atrativas aos jovens. Esta é, conforme o superintendente do Ensino Médio da Secretaria Estadual da Educação(Seduc), Fernando Pereira dos Santos, uma das principais metas da instituição. Para atingi-la, estão sendo adotadas algumas iniciativas, entre as quais as alterações nos currículos das disciplinas e a efetivação de programas.

Um destes programas, denominado Ensino Médio Inovador, foi implantado em todas as escolas estaduais que ministram o Ensino Médio. Fernando Pereira dos Santos destaca que Goiás é o primeiro Estado do País a efetivar a iniciativa em todas as unidades de ensino. O Ensino Médio Inovador, conforme diz, tem como pressupostos o aumento da proficiência e a diminuição da evasão escolar.

O professor da Universidade Federal de Goiás, Luiz Dourado, assinala que a diminuição do número de alunos no Ensino Fundamental ao longo dos últimos anos, verificado no Censo Nacional de Educação Básica, era algo esperado pelas autoridades e, em tese, traduz o aprimoramento do processo de organização de gestão. “A redução de aluno também está vinculada á diminuição da repetência”, sintetiza.

A superintendente do Ensino Fundamental da Seduc, Viviane Pereira, diz que a pasta desenvolve vários programas com o objetivo de melhorar o aprendizado e acabar com a distorção na idade dos alunos.

Fonte: O Popular