Sociólogo diz que instituição ainda é elitista

02 de maio de 2014 (sexta-feira)

Uma análise superficial do relatório dos aprovados no vestibular 2014-1 da Universidade Federal de Goiás (UFG), com grande presença de alunos da escola pública e relativo aumento dos calouros com menor renda, leva a comemorar a democratização no acesso e a mudança do perfil da instituição, antes tida como elitizada. Mas o professor da Faculdade de Ciências Sociais, o doutor em Sociologia Robson dos Santos vê os dados com ressalvas: “Não sou tão otimista. É um cenário que está em transformação, mas ainda vejo que quem está superrepresentada aqui é rede privada”.

Santos compara os dados do Centro de Seleção com o Censo escolar do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) em 2013, segundo o qual as escolas estaduais concentravam, em Goiás, cerca de 83% dos estudantes do ensino médio. “Só 15% das matrículas são das escolas privadas. Mas aqui na UFG os estudantes da rede privada correspondem a 48%”, detalha.

O sociólogo destaca que, apesar da universidade ter absorvido 52,01% de estudantes que cursaram a maior parte do ensino médio nas escolas públicas, esses calouros estão distribuídos, predominantemente, nas licenciaturas e graduações com baixo prestígio social. “Em geral, isso significa menores expectativas de ganhos futuros”, explica.

Outro ponto levantado por Santos é que, nos cursos mais concorridos, mesmo os alunos contemplados pelas cotas representam uma realidade restrita. “Grande parte desses alunos vem do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (IFG) ou dos colégios militares, que possuem condições diferenciadas e não podem ser comparados com a maioria dos colégios estaduais.”

Fonte: O Popular