Goiás tem melhor saldo para abril em dez anos (O Popular, 10/05/2014)

Superávit de US$ 316,4 milhões contagia analistas de mercado, que apostam em recorde de transações no primeiro semestre deste ano

Ricardo César 10 de maio de 2014 (sábado)
Diante da expectativa de recuperação da economia mundial, a venda de soja e carnes produzidas em Goiás para a China e União Europeia fez a balança comercial do Estado fechar abril com um saldo positivo de US$ 316,4 milhões. Este resultado é o melhor para o mês nos últimos dez anos e, segundo analistas, é possível que as contas do comércio exterior local fechem o primeiro semestre com recorde de transações.

No acumulado do ano (janeiro a abril), a balança já tem um saldo, que é a diferença entre exportações e importações, de US$ 884,1 milhões. As vendas de produtos goianos para fora do País somam US$ 2,3 bilhões e as compras US$ 1,4 bilhão. O secretário da Indústria e Comércio, Bill O’Dwyer, prevê o encerramento do semestre com exportações de US$ 1,2 bilhão. Em 2013, o saldo no período era de US$ 1, 07 bilhão.

Isso quer dizer que a previsão de cenário para a primeira metade do ano é de superávit: mais dinheiro vindo de fora sendo despejado na economia local, do que dinheiro gerado aqui indo para fora, conforme explica a professora de economia internacional da Universidade Federal de Goiás (UFG) Andrea Lucena. “Este é um cenário positivo e é fruto de uma venda maior de produtos primários, do que compra de maquinários e insumos nos últimos meses.”

Apenas em abril, as exportações fecharam em US$ 685,1 milhões, enquanto as importações ficaram em US$ 368,6 milhões. “Goiás vem conseguindo recordes consecutivos de superávits, o que significa ingresso de moeda forte na economia goiana. Mesmo com uma economia nacional mais fraca, estamos conseguindo este resultado positivo”, avalia Andrea.

Contexto

Mas, para especialistas, boa parte destes resultados positivos é fruto do posicionamento da economia goiana no comércio exterior. O Estado exporta basicamente produtos primários, como grãos, carnes e minérios, cuja venda não sofre tantas oscilações como acontece no mercado de produtos industrializados. “São commodities, cujo volume pode oscilar conforme o movimento da economia externa, mas dificilmente pode cessar”, explica Andrea.

No último mês de abril, apenas soja e carnes representaram 73,7% do que Goiás vendeu para fora. A soja, que ocupa a primeira posição entre os produtos mais exportados, movimentou US$ 386,5 milhões (ou 56% de tudo o que o Estado comercializou). As carnes, por sua vez, somaram US$ 121 milhões (17,7%).

O analista de mercado da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) Pedro Arantes avalia que a venda expressiva de soja é decorrente de mudanças no mercado internacional. Os produtores americanos venderam mais soja no mercado futuro do que conseguiram produzir. “Agora estão comprando soja de outros País para cumprir acordos e para atender o estoque interno”, diz.

Carnes

Quanto às carnes, embora as vendas estejam 11,7% menor do que no mesmo mês de 2013, a demanda do mercado externo por produtos alimentícios é a principal responsável pelo destaque. A China foi responsável pela compra de 40,7% do total de produtos exportados. Os chineses compraram, justamente, carne e soja.

Já as importações, continuaram sendo puxadas pelos veículos automóveis, tratores e por produtos farmacêuticos. Juntos estes produtos representam 50,3% do total de importação. Apenas veículos, tratores e peças representaram 29,9% (US$106,5 milhões). Insumos para a indústria farmacêutica, por sua vez, representaram 21,4% (US$ 79,1 milhões). Coreia do Sul, Japão e Alemanha foram os países que mais venderam para Goiás.

Fonte: O Popular