Jovem defendeu “atos radicais” como tentativa de se fazer ouvir

25 de maio de 2014 (domingo)

 

Em um debate realizado pelo POPULAR e publicado em 23 junho de 2013, no fervor das manifestações populares deflagradas no ano passado, o estudante de Ciências Sociais da Universidade Federal de Goiás (UFG) Ian Caetano, preso sexta-feira, afirmou que os atos de violência verificados em manifestações à época foram “mais uma necessidade popular de expressão”. Ele disse que o movimento encabeçado pela Frente de Luta GO, do qual faz parte todos os manifestantes que tiveram suas prisões decretadas, tentou dialogar com as autoridades ligadas ao transporte coletivo e nunca tinha sido ouvido.

“Em um ato de último fôlego, quase desesperado de se fazer ouvir, essa população acabou trazendo atos mais radicais, mas que não entendemos como vandalismo”, disse Ian. Segundo ele, a interpretação de vandalismo se dá quando a ação é analisada de forma isolada, mas que a trajetória do movimento mostraria qual é o seu propósito.

Após as manifestações de junho, a única mudança no transporte coletivo foi a manutenção do valor da tarifa em R$ 2,70, que durou até o início deste mês, quando o valor foi reajustado para R$ 2,80. Por outro lado, houve queda no número de viagens e de veículos do transporte coletivo nas ruas; perda do programa Ganha Tempo, que permitia ao usuário realizar três viagens com uma mesma passagem em duas horas e meia; e perda dos organizadores de fila. Neste ano, mesmo com o reajuste, o poder público ainda não conseguiu assinar o Pacto pelo Transporte que os próprios prefeitos e o governador firmaram.

JUSTIÇA

A decisão do juiz Orlando de Oliveira Sá Neto, da 7ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO), que ordenou a prisão dos quatro estudantes na sexta-feira, ainda cita o estudante da Universidade Estadual de Goiás (UEG), Marllos Souza Duarte. Contra ele foi dado um mandado de busca e apreensão. Os demais estudantes também tiveram materiais apreendidos. A decisão do juiz afirma que os manifestantes “seriam integrantes de um grupo organizado que estaria praticando crimes”. As bases incriminatórias possuem depoimentos de funcionários da Rede Metropolitana de Transportes Coletivos (RMTC) confirmando que os estudantes estão sempre nas manifestações.

O juiz afirma que eles fazem a incitação do vandalismo ao tempo em que argumentam que essas ações são espontâneas da população. Para Sá Neto, isto não seria procedente, já que “sempre havia incitação por parte dos investigados para que a população presente no local das manifestações danifique os veículos das concessionárias”.

Fonte: O Popular