Mais de 250 manifestam contra prisão de estudantes

Protesto pediu soltura de jovens presos suspeitos de depredação de ônibus

Eduardo Pinheiro, quarta-feira, 28 de maio de 2014 

 

Pelo menos 80 policiais militares, 18 viaturas e cinco motos do Batalhão de Trânsito foram mobilizados para acompanhar manifestação contra a prisão dos estudantes da Universidade Federal de Goiás (UFG) Heitor Vilela, de 20 anos, Ian Caetano, 20, e João Marcos Aguiar, 18. Eles são suspeitos de incitação ao crime, danos ao patrimônio e de depredar ônibus durante protestos em Goiânia. Uma comissão, formada por parentes dos jovens e advogados, se reuniu com o presidente do Tribunal de Justiça para apresentar abaixo assinado em defesa dos jovens.

 

O ato, que teve início às 14 horas, contou com presença de mais de 250 pessoas, entre professores, servidores técnico-administrativos e estudantes. Os manifestantes se concentraram na Praça Universitária e seguiram até o Tribunal de Justiça, no Setor Oeste, gritando palavras de ordem e brandindo cartazes contra a prisão dos jovens. Durante todo o trajeto, a Polícia Militar (PM) acompanhou de perto, com 16 viaturas seguindo os estudantes. Outro grupo de policiais fez um cordão lateral durante o trajeto dos manifestantes.

 

“Estamos mais uma vez sendo escoltados pela PM, o que demonstra que incomodamos o poder público”, disse uma manifestante que preferiu não se identificar. A jovem afirmou que a prisão dos estudantes representa uma tentativa de intimidar quem luta por melhores condições no transporte público de Goiânia. A presença ostensiva da PM no ato, segundo ela, reforça a truculência da polícia no Estado.

 

Abaixo-assinado

 

Ao chegar ao Tribunal de Justiça, o grupo designou uma comissão, formada por parentes dos estudantes presos e advogados, para entregar um abaixo-assinado, com mais de 2 mil assinaturas manifestando discordância com a prisão dos três jovens. O grupo foi recebido por um representante do poder judiciário. A entrada do TJ foi fechada por um cordão formado por PMs.

 

O servidor federal Agenor Vilela, pai do estudante preso Heitor Vilela, afirmou que a prisão do filho é arbitrária e que não há provas que o incrimine. “Esses supostos crimes, que alegam que os jovens tenham cometido, são crimes considerados de pequeno potencial ofensivo. É um absurdo. O judiciário, a Polícia Civil e a Polícia Militar estão á serviço dos empresários do transporte. Essa prisão preventiva não é válida”, protesta.

 

Protesto

 

Outro protesto está marcado para a próxima quinta-feira às 9 horas na Praça Universitária. Os estudantes prometem ainda um grande ato contra a realização da Copa do Mundo, no próximo domingo à noite, durante a chegada da Seleção Brasileira, que disputa amistoso no Serra Dourada na terça-feira (3) contra o Panamá.

 

Decisão sobre habeas corpus pode sair hoje

 

Advogados deram entrada ontem com pedido de habeas-corpus dos estudantes presos, mas até o final da tarde, a desembargadora Avelirdes Pinheiro de Lemos não tinha decidido sobre o caso. A expectativa dos defensores é que hoje a decisão seja feita liminarmente, com possível soltura dos jovens.

 

O advogado da União dos Estudantes de Goiás, Bruno Pena, afirma que a prisão dos jovens não é respaldada juridicamente, já que não há indícios sobre a participação deles em atos de depredação. “Tentamos reunião com a desembargadora, mas não obtivemos sucesso. Esperamos que amanhã (hoje) os jovens consigam a liberdade”, diz. Pena ainda diz que durante a tentativa de reunião foram acompanhados por quatro policiais militares designados pelo comandante militar do TJ. “Foi constrangedor. Uma tentativa clara de intimidação de nosso trabalho”, aponta.

 

Heitor Vilela, Ian Caetano e João Marcos Aguiar foram presos na manhã da última sexta-feira (23) por agentes da Delegacia Estadual de Repressão às Ações Criminais Organizadas (Draco), com mandado de prisão preventiva por dez dias. Eles estão na Casa de Prisão Provisória (CPP), em ala para presos com baixa periculosidade, onde realizam trabalhos na biblioteca do complexo e recolhimento e separação de lixo.

Fonte: O Hoje