Aplicativo auxilia nos registros

25 de maio de 2014 (domingo)

Qualquer pessoa que tenha um celular inteligente ou tablet poderá baixar o aplicativo Urubu Mobile e colaborar com a coleta de dados sobre animais silvestres atropelados. Ao encontrar um animal morto na estrada a pessoa abre o aplicativo, fotografa e automaticamente a imagem é georeferenciada. Quando encontrar o sinal de uma rede wireless a imagem é enviada. Antes de ser incluída no banco de dados a foto é analisada por cinco especialistas que identificam a espécie. Sua finalidade não inclui atropelamento de animais domésticos (cães, gatos, vacas ou galinhas) e de humanos.

Estudos no campo de Ecologia de Estradas realizadas nos Estados Unidos mostram relação entre a implantação de uma rodovia e o declínio na diversidade genética de populações de fauna nos fragmentos que foram cortados pelo trecho. No Brasil, a inserção de medidas para a proteção à fauna silvestre em relação a atropelamentos em rodovias é uma prática relativamente recente. Sem planejamento, rodovias funcionam como barreiras ecológicas. Alex Bager, do Projeto Malha, ressalta que gestores públicos devem levar em consideração o atropelamento de fauna e a paisagem. “Isso torna a medida mitigadora estrutural mais econômica do que instalá-la após a rodovia construída.”

Responsável pelas estradas goianas, a Agência Estadual de Transportes e Obras Públicas (Agetop) informou ao POPULAR que a proteção especial a animais nas rodovias se dá, pontualmente, onde há passagem rotineira de gado bovino. Nesses locais são construídos túneis. Por enquanto, há apenas estudo para criação de uma proteção especial a animais silvestres na rodovia GO-341, que corta o Parque Nacional das Emas, no Sudoeste do Estado. O parque é um dos últimos refúgios para a onça-pintada nesse tipo de hábitat. A população da espécie na área é monitorada desde 1994 pelo Instituto Onça-Pintada que já demonstrou preocupação com os efeitos dos atropelamentos.

“Sabemos muito pouco sobre os atropelamentos de fauna no País, então o que vier é lucro”, diz Alex Bager. Segundo o especialista em Ecologia de Estradas, existem centenas de pesquisas que estão perdidas. “Hoje temos 5 mil dados - entre pesquisas e informações enviadas pelo Urubu Mobile. Espero que dentro de um ano alcancemos 20 mil”, afirma o professor da Universidade Federal de Lavra. Em Goiás estudos acadêmicos foram realizados em alguns trechos, como o da GO-060, entre Anápolis e Goiânia e Goiânia e Iporá (UFG e UEG); das GOs-156, 215 e 320 e da BR 060, entre Palmeiras de Goiás e Edealina (Univar) e da BR-060 entre Abadia de Goiás e Jataí (UCG). Em todos, cachorro do mato e tamanduá lideram o grupo de animais mortos por atropelamento.

Em nível federal, os projetos e obras de rodovias em fase de implantação pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes tem obedecido a diretrizes de inclusão de soluções de proteção à fauna. Na BR-060, na altura do Parque Altamiro de Moura Pacheco, foram construídos túneis para passagem da fauna. O órgão também têm um programa para a inserção de soluções semelhantes em rodovias já em operação.

Fonte: O Popular