Fernando Cupertino: o goiano que foi condecorado cavaleiro no Canadá

Data: 16/10/2014

Veículo: Jornal Opção  

Por Editor

 

 

Edição 2049

Devido aos mais de 20 anos de trabalho mediando iniciativas na área da saúde e cultura entre o Brasil e aquele país, o médico goiano é o segundo brasileiro a receber a mais alta condecoração canadense

 

Há 30 anos, foi instituída no Canadá a Ordem Nacional de Québec, sendo, desde aquela época, a mais alta condecoração do governo daquele país. A Ordem já condecorou 71 personalidades estrangeiras, por exemplo, os ex-primeiros-ministros franceses Lionel Jospin e Jacques Chirac. O único brasileira, a ter recebido a comenda, até então, havia sido a professora Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS) Zilá Bernd.

Agora, um goiano também está entre os condecorados. Trata-se de Fernando Cupertino. O professor da faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás (UFG) foi condecorado cavaleiro devido a seus mais de 20 anos de trabalho na promoção e no fortalecimento do intercâmbio entre o Canadá e o Brasil, especialmente na área da saúde e cultura, tanto na gestão pública, quanto no setor acadêmico.

Segundo Cupertino, sua relação de intercâmbio com Québec começou em 1993, quando dirigia o Hospital de Caridade São Pedro d’Alcântara, na cidade de Goiás. À época, a instituição havia recebido uma importante doação de equipamentos e materiais de uma instituição religiosa de Québec, fazendo com que o goiano tomasse conhecimento sobre o sistema de saúde canadense. “As conquistas deles se aproximavam daquilo que vínhamos tentando fazer no Brasil com o SUS [Sistema Único de Saúde]”, diz.

Dessa forma, Cupertino procurou Normand Asselin, então responsável pela cooperação internacional, na embaixada do Canadá, em Brasília, e propôs um projeto de intercâmbio cultural na área da saúde. “Estava muito claro para mim que, sem se levar em conta as peculiaridades da cultura de cada povo, não iríamos chegar a lugar algum. As cooperações internacionais tradicionais, até então, não se preocupavam com isso. Assim, iniciamos e concretizamos uma série de intercâmbios que beneficiaram várias instituições brasileiras, goianas inclusive”, relata.

Os contatos com o Canadá continuaram quando ele assumiu a Secretaria de Saúde Goiás. O médico afirma que buscou intensificar o conhecimento e os intercâmbios e sugeriu a criação de uma Ong internacional, a Conferência Lusofrancófona da Saúde (Colufras), que, hoje, tem sede em Montréal e atua em países como Brasil, Haiti, Canadá, Portugal, França, Cabo Verde e Moçambique, graças a uma rede colaborativa de caráter cultural e científico.

O intuito da Ong, de acordo com ele, era não só estimular o uso das línguas francesa e portuguesa nos intercâmbios na área da saúde, como também compartilhar valores de humanismo e de defesa dos sistemas universais de saúde, “que sempre foram uma preocupação do Québec e do Brasil pós-Constituição Federal de 1988”. Partiu daí, por exemplo, a busca pelo apoio técnico necessário à concepção do Centro de Reabilitação e Readaptação dr. Henrique Santillo (Crer), conseguido junto ao Instituto de Readaptação de Montréal.

Cupertino relata que, mesmo após deixar as funções como secretário da Saúde, continuou a estimular os contatos entre as universidades e instituições de Goiás e Québec. “Nisso exerceram e exercem ainda um papel fundamental o Conselho Nacional de Secretários de Saúde, o Conass, o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde, o Conasems, e o próprio Ministério da Saúde do Brasil”, salienta.

Por que o Canadá?

Essa é uma pergunta inevitável, mas de resposta simples, segundo Fernando Cupertino. Ele diz que há muitas semelhanças entre os países, principalmente, no que diz respeito aos princípios que ocasionaram na criação de um sistema público de saúde. “Temos sistemas públicos de saúde com trajetórias semelhantes, que enfrentam problemas semelhantes e isso nos permite aprender uns com os outros, tanto nos nossos acertos, quanto nos nossos erros, buscando o aprimoramento permanente de nossos sistemas de saúde”, analisa.

O evento

A honraria foi entregue no último dia 14, na Assembleia Nacional de Québec. Nas palavras do próprio Fernando Cupertino, o evento de entrega “foi sóbrio e muito emocionante”. Cupertino diz que reencontrou antigos amigos que fez durante os anos em que trabalhou na mediação entre os países. “Além disso, o próprio primeiro-ministro do Québec, dr. Philippe Couillard, foi de uma gentileza imensa para comigo, pois se trata de um colega de profissão, que exerceu as funções de Ministro da Saúde ao mesmo tempo em que eu exercia as de Secretário da Saúde, tendo, inclusive, estado em Goiânia em 2004, quando pôde ver o trabalho que fazíamos, e o Crer [Centro de Reabilitação e Readaptação dr. Henrique Santillo] já em pleno funcionamento”, conta.

Parceria com Québec também se estende à música

A relação de Fernando Cupertino com o Canadá não se dá apenas pela área da saúde, uma vez que o goiano também é um dos mais destacados compositores eruditos da atualidade. Assim, como compositor e intérprete, ele diz que pôde se apresentar no Canadá — mais especificamente no Québec — por “três ou quatro vezes, desde 2005, sempre a convite”.

Contudo, Cupertino conta que sua única produção ligada ao Québec foi uma Suíte Brasileira para piano a quatro mãos, que dedicou aos pianistas Dominique Morel e Douglas Nemish, que a estrearam em num concerto realizado em julho de 2007. “No mesmo concerto, apresentei canções brasileiras de diferentes autores e minhas, inclusive, com a pianista Consuelo Quireze. Seis meses mais tarde, por ocasião da Jornada Anual de Saúde Pública do Québec, fizemos nova apresentação, na Maison des jeunesses musicales du Canada, em Montréal.”

 

Fonte: Jornal Opção

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