A poesia de Gero Camilo

Data: 20/10/2014

Veículo: O popular

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Conhecido por seu trabalho em filmes como Cidade de Deus e Carandiru, ator mostra sua faceta musical em dois shows em Goiânia, hoje e amanhã.

Ator, poeta, dramaturgo, escritor e cantor. O multifacetado artista cearense Gero Camilo traz em dose dupla para Goiânia o resultado do seu novo e segundo disco, Megatamainho, com produção de Bactéria, ex-integrante da banda Mundo Livre SA. A primeira apresentação será hoje, a partir das 20 horas, com um pocket show gratuito na Fnac do Flamboyant Shopping. A segunda acontece amanhã, às 21 horas, no Centro Cultural UFG, dentro da Série Músicas.

 

“É disco bom de ouvir e melhor ainda de dançar. Com arranjos fortes que vão do rock ao samba sem medo de rótulos quanto a gêneros”, adiantou Gero Camilo, em entrevista concedida por telefone ao POPULAR, de São Paulo (SP), onde o artista mora há mais de 20 anos (leia nesta página).

 

Gero é conhecido do público pela sua atuação no teatro em peças como Aldeotas e A Casa Amarela, e no cinema atuou em Cidade de Deus, Carandiru, Assalto ao Banco Central e Madame Satã.

 

Já o novo projeto musical é uma continuação da linguagem experimentada no seu primeiro disco, Canções de Invento, de 2008. O álbum Megatamainho traz 12 faixas autorais e composições feitas em parcerias com grandes nomes da música.

 

Com Otto, Gero compôs O Amor a Fonte a Poesia, enquanto que, com Vanessa da Matta, escreveu Cordel em Desacordo. Com Luiz Caldas, por meio do Facebook, foi criada Meu Diadorim. O repertório ainda conta com a canção Chuchuzeiro, do rapper paulista Criolo, que ganhou ares de forró romântico na versão interpretada pelo artista cearense.

 

Pocket show: Gero Camilo

Data: Hoje, às 20 horas

Local: Fnac, Flamboyant Shopping . Avenida Jamel Cecílio, nº 3300, Jardim Goiás

Entrada franca

Show: Gero Camilo

Data: Hoje e amanhã, às 21h

Local: Centro Cultural UFG. Praça Universitária, Setor Universitária

Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia)

Mais informações: 3521-1035/3521

Entrevista/Gero Camilo

“Na música, sou eu mesmo”

20 de outubro de 2014 (segunda-feira)

Éden Barbosa

Você se tornou conhecido do grande público pelo cinema e a estreia como cantor oficialmente foi em 2008, com o disco Canções de Invento. O que a música passa para sua vida que a carreira de ator não permite?

 

Na carreira de ator crio personagens, na música sou eu mesmo, dando meu testemunho, vamos dizer que é o artista em primeiro plano, onde não existe a máscara. Além disso, antes mesmo de ser ator, eu sou um poeta. A poesia vem comigo como algo muito forte, desde criança. A arte na minha vida vai se misturando, não tem um lado só, não tenho um único braço de expressão. Enfim, tenho uma carreira literária e dramatúrgica semeada há bastante tempo e, por isso, não estou me reinventando. Trabalho com a música para fortalecer minha veia poética e também para que ela chegue ao público cada vez mais.

 

Você sempre se define como poeta porque sua criação musical surge acompanhada da escrita de seus versos. Esse é o segredo da sua musicalidade?

 

Exatamente. A minha música vem em função da minha poética. Eu não faço parte de uma imagem construída pela mídia, faço parte de uma essência. O meu interesse é que o ouvido do público seja tocado de uma forma diferenciada pela intensidade dos meus versos. Temos poucos artistas que se assumem poetas no Brasil e talvez isso aconteça pelo mercantilismo da arte. Poesia é poesia e não pede para existir, apenas manifesta-se de alguma forma. Minha obra é independente e a poesia me dá, acima de tudo, a liberdade de autoria.

 

Você é nordestino e há mais de 20 anos mora em São Paulo. De que maneira a cultura nordestina influenciou na sua carreira musical?

 

Em tudo. Na minha arte como um todo. Eu bebi muito desse caldo cultural nordestino escutando Fagner, Belchior, Luiz Gonzaga, Xangai, entre outros. Eu comecei muito jovem, tendo a sorte de ouvir música cearense de qualidade e contemporânea. Naquela época, enquanto a maioria das rádios tocava músicas americanas, eu buscava uma identidade mais própria e não muito colonizadora. Só que o meu trabalho não é puramente regional, de uma cultura estabelecida, minha música é universal e passa por várias heranças, é aberta a todas as possibilidades, vem do tropicalismo, do Chico Buarque, do Cazuza, do Legião Urbana, tem muitas referências.

 

O novo disco, Megatamainho, segundo da sua carreira, passeia pelo rock, forró, samba, reggae e baladas. É um disco bem eclético. Por que você não trabalha com um único gênero musical?

 

Não é um esforço meu buscar esse ecletismo. Isso é muito natural porque nasci em Fortaleza, que já recebe uma influência cultural diversificada, e depois fui para São Paulo, onde se estabelecem tantas vertentes. Então, sou cria dessa multiplicidade e é isso que me interessa. Eu não queria ficar preso em um gênero musical, como música nordestina, nem MPB. Eu queria fazer o meu som sendo aberto a todas as possibilidades, pode ir de Ednardo a Bebe, que é uma cantora espanhola, que gosto muito. Ou Chavela Vargas (cantora mexicana), Mercedes Sosa. Milton Nascimento, Chico. Eu tenho muitas referências.

“A minha música vem em função da minha poética. Eu não faço parte de uma imagem construída pela mídia, faço parte de uma essência”

Fonte: O popular

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