A briga das potências

Data: 08 de maio de 2015

Fonte: O Popular

Link da matéria:  http://www.opopular.com.br/editorias/mundo/a-briga-das-pot%C3%AAncias-1.846056

 

Economia definiu destinos da Guerra Fria e o futuro mundial

Falar sobre o passado é sempre dar uma visão a seu respeito. Na guerra, é notório que a versão que prepondera é a dos vencedores. A Segunda Guerra Mundial não foge a essa regra. O conflito, oficialmente, terminou com a rendição do Japão, em agosto de 1945, depois de o país asiático ser alvo de duas bombas atômicas jogadas pelos Estados Unidos. No tabuleiro da geopolítica mundial, porém, a guerra acabou antes, havendo muitas datas como marcos possíveis deste epílogo. O erro fatal de Hitler pode ter sido não respeitar o pacto de não-agressão firmado com Stálin, invadindo a Rússia em 1941. A guerra pode ter sido definida com o desembarque aliado na França no Dia D, em junho de 1944. Talvez a morte de Hitler seja o desfecho ou então este 8 de Maio, o Dia da Vitória.

O que ninguém pode negar é que a Europa e outras regiões do mundo foram fatiadas entre os vencedores. Berlim tornou-se o maior símbolo dessa divisão, com um muro atravessando a cidade e apartando regimes capitalista e comunista. A partir do fim dos combates e bombardeios, outra guerra eclodiu, mais fria e com novos matizes de perversidade. “Após 1945, dois modelos de produção polarizaram o mundo”, afirma João Alberto da Costa Pinto, historiador e professor de História da UFG. “O modelo norte-americano modernizou-se bem mais rapidamente que o soviético e por isso venceu. Depois da Segunda Guerra houve esse embate que durou até 1991, quando a União Soviética acaba. Aí sim temos uma outra realidade posta.”

A bipolarização entre as potências que se uniram para vencer Hitler eclipsaram iniciativas tomadas logo após a Segunda Guerra. “Foram criados organismos multilaterais, como a Organização das Nações Unidas e o Fundo Monetário Internacional, mas eles só foram mais efetivos após o fim da URSS”, pontua João Alberto. Isso aconteceu porque sem seu maior oponente, os EUA passaram a ter mais controle sobre instâncias políticas e econômicas. Na visão de Everaldo Leite, economista e professor das Faculdades Alfa, o novo desenho econômico mundial começou a ser traçado antes do fim da guerra. “Em 1944 houve o encontro dos países ricos, conhecido como Acordo de Bretton Woods. Ali foram lançadas as bases econômicas que continuam a ser influentes hoje”, atesta.

Everaldo lembra que na Conferência de Bretton Woods, ficou acertada a criação do Banco Mundial e do FMI, que iriam capitanear as diretrizes da economia mundial. Também foi nesse acordo que o dólar passou a ser usado como a principal moeda de referência, substituindo a libra inglesa. “Vivemos hoje em um contexto de globalização econômica e financeira. Não dá para comparar o cenário do pós-guerra de 1945 com o que temos atualmente”, argumenta o economista. Mudanças que também foram promovidas a partir do cenário geopolítico criado quando as bombas deixaram de explodir na Europa. Na política e na economia, um novo mundo emergia.

15 mil armas atômicas estão em poder dos EUA e da Rússia atualmente.