Em 10 anos, Goiás sobe 5 posições em ranking

Data: 17 de maio de 2015

Fonte/Veículo: O Popular

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Levantamento do Mapa da Violência, realizado em 2012, mostra ainda Goiânia em 9º lugar entre as capitais do País. Estado fala em defasagem

17/05/2015 18:38

 

Cleomar Almeida

Em dez anos, Goiás saltou da 11ª para a 6ª posição no ranking dos Estados com a maior taxa de pessoas mortas a tiros. O número da estatística sangrenta de arma de fogo mais que dobrou desde 2002, de acordo com o Mapa da Violência, chegando a 1.951 vítimas, em 2012. Especialistas ouvidos ontem pelo POPULAR apontam falhas nas estratégias de segurança pública, mas o governo do Estado, apesar de reconhecer que o número de homicídios nas cidades goianas é alto, rebate o levantamento.

Dos 246 municípios goianos, as cidades de Valparaíso, Luziânia e Alexânia, no Entorno do Distrito Federal (DF), concentram 10% de todas as vítimas. Goiânia saltou quatro posições no ranking nacional, chegando ao 9º lugar (veja quadro abaixo) e o perfil das vítimas de arma de fogo se repete, mais uma vez, no Estado, assim como da criminalidade em geral em todo o País. Do total, 76% são negros e, 60%, jovens. O levantamento inclui todo tipo de vítima de arma de fogo, com destaque para homicídios.

Para o sociólogo Dione Antônio de Carvalho, pesquisador do Núcleo de Estudos de Criminalidade e Violência da Universidade Federal de Goiás (Necrivi-UFG), as estratégias de segurança pública são fracassadas. “Os indicadores mostram que tudo que tem sido feito na área de segurança pública não funcionou, como investir mais nas forças armadas, como na Polícia Militar e no sistema prisional, e investir pouco em serviços de inteligência e órgãos de defesa de direito, como a Defensoria Pública”, diz ele. Goiás tem 17 das 60 vagas de defensores públicos preenchidas e o governo do Estado não tem previsão para completar o quadro.

Os elevados índices de homicídio e desaparecimento de pessoas provocados por policiais militares no Estado, como aponta o presidente da Comissão de Direito Criminal da Ordem dos Advogados do Brasil em Goiás (OAB-GO), Manoel Leonilson Bezerra Rocha, é outro fator que agrava a situação. “O alto índice de letalidade das ações policiais nos envergonha bastante, principalmente perante a comunidade internacional”, afirma ele. No total, há 43 pessoas desaparecidas em Goiás após abordagens policiais, quase três vezes mais que os 15 casos de desaparecimento registrados no Estado na ditadura militar, como mostra último levantamento do POPULAR.

A assessoria de imprensa do secretário estadual de Segurança Pública e Administração Penitenciária, Joaquim Mesquita, disse que não poderia conceder entrevista ontem porque estava em Valparaíso, onde inaugurou uma delegacia regional e um distrito policial. Em nota, a pasta informou que o Mapa da Violência trabalha com “dados defasados” e que o primeiro quadrimestre de 2015 terminou com redução de 1,5% no número de homicídios em relação ao mesmo período de 2014, o que, informa, comprova a tendência de queda permanente. Segundo a nota, a diminuição de homicídios ainda ocorre no Entorno.

No ano passado, acrescenta a nota, foram apreendidas 3.379 armas de fogo no Estado. No primeiro quadrimestre de 2015, só a Polícia Militar já apreendeu 1.095 armas, o que representa um acréscimo de 11% em relação ao mesmo período de 2014, quando foram apreendidas 987.