O adeus a Carlos Sena, um tradutor da arte

Data: 17 de maio de 2015

Fonte/Veículo: O Popular

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Amigos e profissionais ressaltam legado deixado por artista plástico, que morreu ontem

17/05/2015 05:01Wildes Barbosa

Carlos Sena morreu vítima de problemas pulmonares

Rogério Borges

Quem visse e não soubesse quem era aquele homem magrinho, de voz baixa e aspecto frágil, não poderia imaginar que estava diante de um nome imprescindível para compreender as artes plásticas e visuais em Goiás nas últimas décadas. Discreto, Carlos Sena lançava por trás das lentes de seus óculos um olhar atento sobre seu interlocutor. Mais atenta ainda era sua visão sobre a arte, identificando o talento de um aluno aplicado ou de um autodidata ainda desconhecido. Professor, curador de inúmeras mostras, crítico de arte e ele próprio um artista plástico de primeira, Sena tinha na versatilidade, no conhecimento profundo da área e na inquietude três características marcantes. É por isso que sua morte, ocorrida ontem de madrugada em Goiânia, é uma perda tão intensa. O velório iria ocorrer no Cemitério Jardim das Palmeiras e o corpo seria cremado.

Carlos, desde a juventude, tinha problemas pulmonares. Já fora acometido de uma tuberculose muitos anos atrás e só possuía um pulmão. Nos últimos dias, ele foi internado e os médicos já não tinham muito o que fazer. Sugeriram que ele fosse transferido para uma UTI, mas o artista plástico não quis. “Foi uma decisão dele morrer em casa, ao lado das pessoas que amava”, relata a professora Flávia Cruvinel, pró-reitora adjunta de Extensão e Cultura da Universidade Federal de Goiás.

Nascido há 62 anos na cidade de Mairi, no Maranhão, Sena era membro de uma família numerosa, com outros 10 irmãos. Atualmente oito deles estão vivos. Ele também deixa o companheiro Divino Sobral, com quem firmou uma parceria pessoal e profissional por muitos anos.

“O que mais fica na minha memória do Carlos Sena é sua garra e sua seriedade no que fazia”, testemunha Edna Goya, professora da Faculdade de Artes Visuais da UFG. “Ele contribuiu de forma decisiva para que a mentalidade das artes no Estado deixasse de ser apenas Modernista e se inserisse nessa linguagem contemporânea”, acrescenta.