Para professor, recuos são pontuais
Data: 07 de junho de 2015
Fonte/Veículo: O Popular
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07/06/2015 05:00
O relacionamento entre Estela (Nathalia Timberg) e Teresa (Fernanda Montenegro), que se beijaram no primeiro capítulo de Babilônia, foi apontado inicialmente com motivo de rejeição de parte do público. Em entrevista, o autor do folhetim, Gilberto Braga, chegou a criticar o conservadorismo ao comentar o caso. “Basicamente, a novela chocou por causa do beijo gay e porque tinha pouco amor e muito sexo. O Brasil está mais careta, não tenho a menor dúvida”, teorizou ele ao jornal O Globo.
Escritor do livro O Autor na Televisão e estudioso da obra de Braga, o professor de cinema da Faculdade de Informação e Comunicação da UFG Lisandro Nogueira concorda em parte. “Infelizmente, vivemos um período de exacerbação do conservadorismo, mas acredito que Gilberto Braga teve pouca habilidade na condução do roteiro na atual conjuntura. Ele poderia ter introduzido enredos controversos, como casais homoafetivos, ao longo da história”, opina.
Lisandro também entende que outro equívoco na atual obra de Braga, coassinada por Ricardo Linhares e João Ximenes Braga, está na estrutura narrativa. “Em geral, ganha-se o público nos dois primeiros capítulos. E o tipo de melodrama de Gilberto, de narrativa mais lenta e sofisticada, tem hoje dificuldade de aceitação. A série americana, mais dinâmica e acelerada, já percebeu isso e a telenovela brasileira, ainda não.”
A vantagem que a novela ainda mantém sobre séries de fora, segundo Lisandro, é o fato de o brasileiro ainda gostar de tramas que contenham o que ele chama de “pedagogia moral”, com mocinhos e vilões bem definidos. Mesmo assim, o professor não acredita que haja regressão quanto à abordagem de temas como homoafetividade. Segundo ele, essa é uma necessidade para atualizar produtos de TV e cinema que, se não for introduzida, com o tempo causará prejuízos no geral.