"É preciso preservar o aluno cotista aqui, perto da mãe dele"

Data: 16 de junho de 2015

Veículo: O Popular

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Andréia Bahia

Autor da carta encaminhada à Universidade Federal de Goiás (UFG) na quinta-feira (11) pedindo que estudantes goianos tenham 20% a mais na nota no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o proprietário do Colégio WR, Rubens Ribeiro Guimarães, conhecido como Rubão,  diz que sua intenção com essa solicitação é manter a família goiana, “preservar ele (o aluno) aqui,  perto da mãe dele”.

Em entrevista ao POPULAR, o diretor do Colégio WR confirmou que tradicionalmente aprova 50% das vagas de Medicina na UFG e que este ano aprovou 27 alunos. Rubão disse que é a favor das cotas, “porque é um modo de suprir a deficiência do ensino público”.  

 

Confira a entrevista:

 

Qual a intenção do senhor ao solicitar que goianos tenham 20% a mais na nota do Enem?

Para preservar a família goiana. 

Como essa medida poderia preservá-la?

A Universidade Federal de Goiás tem, desde que foi criada, 110 vagas para Medicina e aqui só tem uma universidade federal. Em Minas Gerais, há 14 e só uma tem 320 vagas para Medicina. Essas 110 vagas são muito pouco para nós. Por isso o nosso filho passa fora e adeus filho. 

As vagas de Medicina na UFG estão sendo preenchidas por pessoas de fora?

Muitas são preenchidas por alunos daqui, mas como são poucas vagas, vem aluno de fora e toma vaga. 

Quantos alunos de fora foram aprovados para Medicina na UFG?

Eu não sei te falar, mas sei que este ano entrou aluno de fora porque a Faculdade de Medicina da UFG é uma das melhores do País. 

De que maneira o Enem favoreceu isso?

O aluno daqui não passa aqui porque são poucas vagas e os alunos de fora vêm e pegam dez vagas. O aluno que se desloca é o que não entra nas cotas. Estou pedindo uma coisa que parece ser um contrassenso porque o aluno que não entra nas cotas pode morar até na Lua; o pai dele tem dinheiro para pagar. E o aluno cotista não tem dinheiro para pagar nem uma quitinete fora. É preciso preservar ele aqui, perto da mãe dele.

Qual foi o impacto do Enem no resultado dos alunos do WR?

Tradicionalmente nós aprovamos 50% das vagas de Medicina. De 55 vagas que não são para cotistas das escolas públicas, nós conquistamos de 25 a 28. Este ano, veio aluno de São Paulo e tomou vaga de aluno nosso.

Do WR?

Não. Nós aprovamos 27. Mas veio aluno de fora e tomou vaga de todas as escolas. O WR podia ter pegado mais, não pegou. Um aluno que perde a vaga aqui é uma mãe que vai perder o filho e ele nunca mais volta. E o aluno do WR tem dinheiro para se manter fora, mas eu não quero que ele vá pra fora porque eu sou a favor da família.

O senhor é favorável às cotas?

Sou porque é um modo de suprir a deficiência do ensino público. Está certo porque senão quem vem de escola pública não vai estudar nunca.

Seu pedido não beneficiaria mais os alunos do WR?

De jeito nenhum porque nós não pegamos todas as vagas. Eu quero é a família. O WR é muito pequenino perto da família.