Pesticidas causam danos a DNA de agentes, diz pesquisa

Data:  28 de junho de 2015

Fonte: O Popular

Link da matéria: http://www.opopular.com.br/editorias/cidades/pesticidas-causam-danos-a-dna-de-agentes-diz-pesquisa-1.885995

 

Estudo da UFG aponta que inseticidas usados no combate ao Aedes aegypti ameaçam profissionais sem proteção

 

Sebastião Nogueira

Quando há epidemia, carros fumacês são utilizados em setores com casos registrados

 

Os pesticidas utilizados pelas secretarias municipais de saúde de Goiânia e Aparecida de Goiânia geram danos genômicos aos agentes de controle de endemias (ACEs), caso os equipamentos de proteção individual não sejam utilizados corretamente. Este é o resultado de uma pesquisa coordenada pela professora e doutora Daniela de Melo e Silva, do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da Universidade Federal de Goiás (UFG).

A pesquisa, iniciada em 2012, analisou os efeitos no ácido desoxirribonucleico (DNA) dos agentes que manipulam o pesticida. A ideia surgiu depois que um estudo anterior verificou problemas genômicos em trabalhadores rurais que usam substâncias parecidas. Ocorre que o Ministério da Saúde obriga que sejam realizados apenas dois exames em quem atua com os pesticidas: o hemograma e a análise da enzima acetilcolinesterase.

As duas análises, no entanto, não seriam capazes de verificar alguns danos no corpo humano. “Os exames obrigatórios não possuem valor preventivo”, avalia a professora. Segundo Daniela Silva, os danos genômicos verificados no grupo de cerca de 200 agentes de Goiânia e Aparecida eram muito maiores do que em relação ao grupo controle, formado por pessoas com características semelhantes, mas sem o manuseio intenso dos pesticidas.

A professora lembra que não é possível estabelecer que pessoas do grupo controle também não tinham contato com substâncias tóxicas, já que poderiam, por exemplo, incorrer na ingestão do agrotóxico. Mas o fato é que não atuavam profissionalmente e periodicamente com os pesticidas. “A única diferença entre os grupos é a ocupação profissional.” Daniela relata também que em nenhum caso foi detectado uma doença genética, como o câncer, mas é correto dizer que a propensão a isso se torna maior, especialmente quanto a leucemia e linfomas.

“Provavelmente não vamos ver sintomas nesses agentes por enquanto, mas ao longo do tempo isso é possível. A pesquisa mostra que os agentes de combate a dengue estão mais expostos”, salienta a professora. Daniela informa ainda que o uso crônico dos pesticidas pode gerar um quadro de Mal de Alzheimer nos indivíduos.