Desmatamento avança e ameaça Cerrado

Data: 19 de agosto de 2015

Fonte/Veículo: O Hoje

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Aceleração da devastação do bioma prevalente no Estado de Goiás é maior do que na Amazônia

19-08-2015 00:00

  

Deivid Souza

Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontam que, felizmente, o desmatamento na Amazônia Legal diminuiu 15% entre agosto de 2013 e julho de 2014 em relação aos 12 meses anteriores. Mas enquanto isso, a destruição do Cerrado, outro bioma fundamental para o País, avança em ritmo acelerado. Dados de 2010 a 2012 indicam que ocorreu uma inversão no comparativo de desflorestamento entre Amazônia e Cerrado, ou seja, desmata-se mais no segundo bioma.

Em 2010, de acordo com o Projeto do Inpe de Monitoramento de Desmatamento da Amazônia Legal (Prodes), 7 mil km² da Amazônia foram desmatados. Neste mesmo ano, conforme números do Sistema Integrado de Alerta de Desmatamentos (Siad), o Cerrado perdeu 3.724 km² de sua área. Dois anos depois, este indicador aponta para uma devastação de 7.653 km² do cerrado, contra 4.571 km² da região amazônica. Se comparados os dados de 2012 e 2013, observa-se que o desmatamento na Amazônia foi maior, porém de um ano para o outro, o prejuízo no Cerrado cresceu 7%.

O doutorando em geografia da Universidade Federal de Goiás (UFG), Antônio dos Anjos, acredita que esta realidade está ligada a vários fatores, entre eles, à imagem da Amazônia Legal que ao longo da história sempre apareceu como um espaço importante para o equilíbrio ambiental no mundo e as características do Cerrado que favorecem a produção agropecuária. “As terras são relativamente baratas, a própria natureza, no ambiente é fácil criar estradas, enquanto na Amazônia esse adentramento é mais dificultoso”, considera.

Berço das águas

O Cerrado é tido como o berço das águas, nele estão localizados três grandes aquíferos - reservas subterrâneas de água-: Guarani, Bambuí e Urucuia. A divulgação de informações como essa pela mídia têm, na visão de Antônio, contribuído para mudar a visão sobre o Cerrado para um espaço de mais valor. Para ele, a redução do desmatamento tem grandes obstáculos e passa por melhorias na fiscalização, aumento da eficiência na produção de alimentos, compensação financeira para quem não desmata e a regulamentação do mercado de carbono no país. “Países que estão em dificuldades com o cumprimento do Protocolo de Kyoto têm interessem em comprar créditos, ou seja, financiar as vegetações em pé em outros países e resolver o problema deles em relação à poluição”, indica.

Segundo os dados do Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica (Probio), entre 2002 e 2009, a área desmatada no Cerrado foi de 36.610 km². Goiás contribuiu com 9,32% desse total. O estado que mais destruiu o bioma no período foi o Mato Grosso com 30,25%.

A realidade é um desafio para o governo federal que se comprometeu em reduzir em 40% o desflorestamento no Cerrado até 2020. Uma das ferramentas que pode subsidiar a formatação de ações para atingir a meta o Ministério do Meio Ambiente (MMA) já possui. Trata-se de um acervo de cinco relatórios ambientais que fazem um diagnóstico do Cerrado e prognósticos para até 2030 para o bioma.