Sem predadores, pragas urbanas se multiplicam

Data: 24 de agosto de 2015

Fonte/veículo: O Hoje

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Morcegos, pombos, escorpiões e ratos, estão entre os que mais demandam atendimento por parte da Vigilância em Zoonoses

 24-08-2015 00:00

   

Deivid Souza

As mudanças ambientais provocadas pela atividade humana têm como reflexos a multiplicação das chamadas pragas urbanas, como são chamados os animais sinantrópicos, ou seja, animais silvestres que se adaptaram a viver nas cidades. Goiânia, como todo grande centro urbano, também sofre com o problema. Até final de junho, a Gerência de Controle de Animais Sinantrópicos da Diretoria de Vigilância em Zoonoses do município recebeu 207 chamados para verificar a ocorrência de morcegos, pombos, escorpiões, entre outros.

O maior número de chamados foi para morcegos, 64 no total, seguido pela quantidade de chamadas sobre pombos e escorpiões (Veja quadro nesta página). Animais como esses são chamados popularmente de pragas urbanas. O gerente de controle de animais do município, Welington Tristão da Rocha, explica que este fenômeno está associado à ausência de predadores. “Eles proliferam rápido e não têm predadores naturais em meio urbano”, salienta.

Embora menos frequentes, também há a ocorrência de serpentes e macacos. Em algumas regiões da cidade, como Vila Redenção e Campus Samambaia da Universidade Federal de Goiás (UFG), os macacos geram transtornos, e vez ou outra são alvo de reclamação da população. Outros animais têm uma frequência relativamente grande, mas em períodos sazonais. É o caso de abelhas que chegam ao meio urbano na época da seca, quando ocorrem as queimadas, e os caramujos, mas estes só aparecem com frequência mesmo no período chuvoso.

Muitos desses animais até podem ser inofensivos, mas em determinadas situações, além de incomodar eles podem causar doenças.

Perigo

Os morcegos, por exemplo, se infectados, podem transmitir a raiva. A doença é incurável, por este motivo, o médico veterinário e coordenador de Zoonoses da Superintendência de Vigilância em Saúde, Fabrício Augusto Souza, alerta que a população não deve tentar capturar ou manusear morcegos, e em caso de acidentes com estes animais, é preciso procurar o atendimento médico “urgente”. “A orientação que nós damos é que a pessoa procure um posto de saúde imediatamente”, friza.

A raiva é mais comum em morcegos que se alimentam de sangue, os hematófagos, mas já foram identificados casos em Goiás em que as espécies que não se alimentam de sangue e foram acometidos pela raiva. A doença é 100% letal se não forem seguidos os cuidados médicos. Os morcegos mais comuns no meio urbano são os não hematófagos, ou seja, aqueles que não se alimentam de sangue.

Os ratos podem transmitir a leptospirose. Em casos extremos a doença pode causar insuficiência renal, hepática e respiratória, que podem levar à morte. “Ela tem sintomas parecidos com os da dengue como febre, dor de cabeça, dores no corpo, entre outros”, cita Fabrício.

Alimentação

A capital não tem um controle sistematizado destas pragas. A Gerência de Controle de Animais Sinantrópicos explica que trabalha no sentido de orientar a população sobre várias medidas que inibem a proliferação das pragas.

No caso dos pombos, Welington recomenda a instalação de telas em beirais para que estes bichos não tenham abrigo para ninhos. Outro cuidado é a retirada de restos de alimentos de animais domésticos que poderiam servir para pombos e roedores. 

O gerente explica que o trabalho da gerência precisa da colaboração da população, principalmente diminuindo as fontes de alimento dos animais. “O principal é não alimentar. A gente tem um número de pessoas que alimentam eles. Isso está totalmente errado”, critica.