Sustentável

Data: 24 de agosto de 2015

Veículo: O Popular

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Paulo Paixão


A preparação do Rio de Janeiro para a realização das Olimpíadas 2016 tem trabalho do goiano Paulo Pelá Rosado de Oliveira, 44 anos. Contratado pelo Comitê Olímpico do Brasil, ele atua na área de criação e aplicação do look desenvolvido para os jogos (visual dos estádios, banners, envelopamento de portas e de elevadores). Em 1994, Paulo deixou Goiânia e a faculdade de Engenharia Civil na UFG para estudar Desenho Industrial na Faculdade da Cidade, no Rio. Formado, acabou ficando por lá, mas retorna sempre para rever a família. Paulo já trabalhou na Universal Music criando capas de discos de artistas como Cássia Eller, Anitta e Beth Carvalho. Foi diagramador de revistas como Elle, Super Interessante e Exame, da Editora Abril. A primeira atuação no esporte foi nos Jogos Panamericanos em 2007. Sua preocupação é desenvolver projetos com materiais reutilizáveis.

 

O que as pessoas verão no Rio de Janeiro durante as Olimpíadas de 2016?

O projeto usa muito a questão ecológica. É uma equipe enorme de trabalho. Trabalhamos em um prédio politicamente correto, sem resíduos e com preocupação com descarte. Foi construído para isso, todo em um contêiner. Depois será desmontado e enviado para a próxima sede dos jogos. Ele fica na Cidade Nova, área de revitalização do Rio. A intenção é trazer oportunidades para a área que era degradada. O prédio já ajudou a desenvolver a região.

Como é seu trabalho no Comitê Olímpico?

Fui contratado pelo Comitê para o cargo de designer pleno para trabalhar na Rio 2016. É um prazer trabalhar porque percebo a preocupação deles de que o evento seja perfeito em todos os sentidos, incluindo inclusão, sustentabilidade, esse prédio politicamente correto. O espírito dos jogos é super legal.

Você tem trabalhos premiados. Sempre teve essa preocupação ambiental?

Sim. Meu projeto de final de curso na faculdade é um berço desmontável, portátil, feito em papelão e plástico ondulado. Fui chamado a participar da Semana de Design do Rio, que reuniu novos talentos do design. Depois fui chamado pela curadoria da Bienal de Curitiba. Lá o berço foi escolhido o segundo melhor design pelo voto popular. O berço é montado só por encaixe, para pessoas desabrigadas, em trânsito, ou como segundo berço para mãe deixar no escritório de trabalho. Ele venceu também a Bienal de Design em Madri, cujo tema foi Design Contra a Pobreza. Nesse concurso mundial, disputado por designers do mundo todo, o berço ficou entre os 18 escolhidos. E foi exposto no Museu de Artes Decorativas de Madri.

Em seus projetos há algum relacionado à região Centro-Oeste?

Sim. Fiz o projeto da Mesa Planalto. Minha inspiração foi o Planalto Central e as curvas de Brasília. Porque tem a ver com minhas raízes. A ideia foi utilizar materiais recicláveis como madeira de conglomerado, o material mais barato que existe, usado como tapumes de obras. A mesa não leva cola nem parafuso, é toda montada em encaixe e pode ser desmontada. Esse é o objetivo que norteia minha carreira, essa preocupação de sempre reutilizar material, incorporar a parte ecológica sustentável em meus projetos.

Como é sua atuação junto às comunidades?

Desenvolvo ações junto a comunidades carentes. Tenho um projeto com um amigo, o fotógrafo Luiz Frota, no workshop Inclusão Visual. A gente vai até a comunidade ensinar linguagem visual, com técnicas de desenho e comunicação. Tentamos educar a visão de crianças e adolescentes (de 11 a 17 anos) estudando peças de publicidade, desenho e técnicas de fotografia. Às vezes o patrocínio permite deixar a máquina com a criança depois do curso. Levamos o projeto a favelas como Vidigal, Morro da Conceição, Complexo dos Macacos. Queremos que eles pratiquem a criatividade.