Goiana participa nos EUA de pesquisa sobre nanopartícula

Data: 28 de agosto de 2015

Veículo: O Hoje

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Estudo realizada no Massachusets Instute of Technology descobriu nanopolímetro capaz de mover diversos tipos de poluentes

 

Thiago Burigato

Uma goiana faz parte de um estudo realizado nos Estados Unidos que promete revolucionar os processos despoluição do  meio ambiente. A professora da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Goiás (UFG), Eliana Lima Martins, integrou uma pesquisa realizada no Massachusets Instute of Technology (MIT), nos Estados Unidos, que descobriu um nanopolímero capaz de remover diversos tipos de substâncias tóxicas do meio ambiente. Sua ampla usabilidade pode revolucionar a forma com que realizamos a despoluição do solo e da água.

Descobrir o polímero, no entanto não era o foco dos trabalhos realizados no MIT. Liderados pelo renomado professor Roberto Langer, Eliana e os professores Ferdinand Brandl, da Alemanha, e Nicolas Bertrand, do Canadá, estudavam nanopartículas para a fabricação de nanomedicamentos. “A descoberta foi um efeito colateral, um desvio na rota original da pesquisa”, diz Eliana. A professora relata que, quando o novo material foi descoberto, ele quase foi descartado, já que não se encaixava naquilo que a pesquisa estava buscando. No entanto, a visão analítica dos pesquisadores permitiu que eles resolvessem fazer testes com o polímero e acabaram se surpreendendo.

“A ideia era encontrar outra aplicação. Então testamos sua usabilidade na biorremediação, que é a busca de soluções para problemas ambientais, com foco em despoluição.” A professora afirma que ao testar suas capacidades na água, os pesquisadores descobriram que uma das propriedades do polímero é atrair e aderir diversas substâncias poluidoras. “Removendo o polímero, removemos também os agentes poluidores”, conta Eliana.

No entanto, como fazer para retirar da água uma substância medida em nanômetros e, por isso, não pode ser filtrada? Segundo a professora, aí é que está uma das grandes vantagens desse novo componente: quando a radiação ultravioleta é aplicada sobre ele, o polímero perde a estabilidade e se aglomera. E, assim, pode ser removido.

Mais de 20 poluentes podem ser combatidos

Nos testes realizados, os pesquisadores descobriram que 22 substâncias poluidoras podem ser retiradas com o novo polímero. Entre elas, pesticidas, herbicidas, materiais tóxicos de indústrias químicas, hormônios, entre outras. “Com apenas 500 miligramas, o equivalente a meio sachezinho de sal, é possível eliminar 99% da contaminação de 1 litro de água.”

Os esforços realizados pela equipe renderam um artigo que, nesta semana, foi aceito na revista Nature, uma das mais conceituadas do mundo. Nas primeiras 48 horas após a publicação online do artigo, ele foi acessado mais de 1700 vezes, replicado em cinco dos maiores sites de divulgação científica do mundo e compartilhado em contas de redes sociais de diversos países ao redor do planeta.

A professora Eliana agora pretende ampliar as pesquisas em solo goiano fazendo testes com pesticidas e herbidicas comumente utilizados na região. Segundo ela, há um grande potencial de uso em larga escala, mas, por enquanto, não há conversas nesse sentido.

Eliana não soube precisar se o material desenvolvido está protegido por direitos autorais da faculdade onde as pesquisas foram realizadas. “No MIT há uma política de que tudo que se faz lá é de propriedade deles. Mas isso é um protótipo. É uma prova de conceito, como chamamos. Temos várias técnicas que podemos fazer de forma semelhante”, ressalta.