Moradores de rua a mercê do crack e outras drogas

Data: 05 de setembro de 2015

Fonte/Veículo: O Hoje

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Além do envolvimento com drogas, a falta de assistência é outro grave problema para quem vive nas ruas

Jéssica Torres

Os assassinatos de três pessoas em situação de rua em menos de 24 horas na Grande Goiânia levantam novamente a discussão sobre a situação desse tipo de população, que está a mercê da falta de assistência e do uso de crack.  Integrante da Pastoral de Rua em Goiânia e coordenador do Projeto Anjos da Rua, que leva comida a moradores de rua todas as sextas-feiras e busca o resgate dessas pessoas, Igor Raphael Pereira da Silva conhece bem essa realidade. “Noventa por cento deles infelizmente tem algum envolvimento com drogas lícitas ou ilícitas. Mas o maior vilão sem dúvida é o crack”, alerta.

No trabalho que coordena junto a Pastoral, Igor diz que além do básico, os voluntários do projeto dão o que eles mais precisam. “Além de comida oferecemos o mais importante, um abraço e atenção para eles, que não se consideram nem seres humanos mais”, conta.

Segundo Igor, de 50 a 60 pessoas vão próximo a Rodoviária de Goiânia para receber a ajuda, mas estima que ao todo exista mais de 300 pessoas em situação de rua hoje na capital goiana. “Acredito que esta quantidade de pessoas nessa situação se deve pela falta de casas de recuperação principalmente, e falta de educação também”, disse.

Ações

Segundo o Coordenador Intersetorial de Política Municipais para pessoas em situação de rua, encaminhado pelo gabinete da prefeitura, José Eduardo Silva, para auxiliar estas pessoas, entre as ações da prefeitura estão trabalhando na criação de uma lei municipal estabelecida para moradores de rua. “É preciso uma reforma imediata, mas para isso é fundamental ações integradas com órgãos de saúde, moradia, além da Semas”, afirma.

A Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas), órgão municipal que assiste a essa comunidade, relata que ainda estão levantando juntamente com a Universidade Federal de Goiás (UFG) uma pesquisa para levantar quantas pessoas estão hoje em Goiânia em situação de rua. Apesar de não saberem a quantidade, eles apontam que a maioria se trata de imigrantes, que vêm de outros Estados para a capital em busca de tratamento de saúde ou fugindo de violência familiar. Segundo a assessoria do órgão, apesar de oferecerem recolhimento estes moradores de rua não aceitam sair. Ainda ressaltam que aguardam o os Credecs, centros de tratamento para dependentes químicos, prometido pelo Estado que até agora não estão em funcionamento.

Para controlar a situação atual, o Porta-voz da Polícia Militar de Goiás, coronel Divino Alves de Oliveira, relata que o policiamento ostensivo preventivo continua, além das abordagens para estas pessoas que ocupam as ruas da cidade. “Essas mortes são em sua maioria por conta do tráfico de drogras. “Enquanto não houver políticas públicas de resgate social para estas pessoas, além de outros órgãos assumirem uma posição e focar nestas pessoas nada disso terá solução efetiva”, aponta.

O caso de assassinatos de pessoas em situação de rua vem de uma série de ocorrências entre agosto de 2012 e abril de 2013, no qual mais 30 mortes ocorreram neste período. Diante da situação de alerta, uma força-tarefa da Secretaria Nacional de Direitos Humanos esteve em Goiânia para debater a situação e buscar uma solução.  

Três homicídios em menos de 12 horas

Três casos de assassinatos de pessoas vivendo em situação de rua foram registrados ontem. Um deles foi o da técnica em enfermagem Lucélia de Alcântara Melo, de 36 anos, foi encontrada morta por estrangulamento, nos fundos de um restaurante no Jardim Goiás, ontem pela manhã.

Ela era filha do juiz aposentado Geraldo Melo e irmã do delegado Lúcio Flávio Bernardes de Melo, que acompanhou o trabalho dos colegas no local. Segundo informações do próprio irmão à polícia, Lucélia era usuária de drogas e estava em situação de rua há alguns meses.

No início da manhã de ontem um morador de rua de aproximadamente 40 anos, identificado apenas como Maranhão, foi encontrado carbonizado em uma empresa abandonada na Vila Brasília, em Aparecida de Goiânia.

Um homem de aproximadamente 50 anos foi morto a facadas por usuários de drogas na Rua 13, no Setor dos Aeroviários. Segundo a polícia o crime teria ocorrido no começo da madrugada de ontem. A suspeita inicial é de que a vítima, assim como os autores, seria morador de rua.