Com greve, alunos cogitam trancar o curso para trabalhar

Data: 29 de setembro de 2015

Veículo: O Popular

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Indefinições na instituição de ensino e nas negociações com o governo abrem a possibilidade para os estudantes procurarem trabalho e estágio nos horários das aulas

 

Pedro Nunes

Diante da paralisação que acomete a Universidade Federal de Goiás (UFG), alguns alunos já cogitam a ideia de procurar um estágio, inclusive, no mesmo horário em que estariam em aula. Há casos ainda mais abruptos em que estudantes analisam a hipótese de trancar o curso e procurar um emprego em suas respectivas áreas. As incertezas nas negociações entre o governo federal e os comandos de greve dos docentes, iniciada no dia 1º de agosto, e dos técnico-administrativos, no dia 28 de maio, são apontadas como fatores determinantes para as decisões.

Gabriel Pavetits, de 21 anos, é um deles. O estudante do 6º período de Publicidade e Propaganda tem uma entrevista de emprego como analista de social media para período integral agendada para hoje e cogita a possibilidade de aceitar o trabalho. Contudo, ele prefere não fazer planos caso seja selecionado. “Ainda é cedo para saber, tem um processo e eu teria que me readequar. Também não sei como será daqui para frente na UFG, só que seria uma ótima experiência profissional para conseguir mais contatos e vivenciar um pouco da profissão”, vislumbra.

Gabriel conta que já perdeu quatro oportunidades de estágio em razão do horário das aulas, que são à tarde, e isso pode influenciar na decisão. “As agências de publicidade geralmente abrem mais tarde, entre 9 e 10 horas, e isso atrapalha. Mesmo se eu conseguisse entrar de manhã iria afetar nas primeiras aulas da tarde, tirando a distância e o deslocamento”.

Sem planos

Gabriella Vieira, de 19 anos, aluna do mesmo curso, também considerou a ideia, entretanto recuou. “Cheguei a procurar porque eu já perdi as esperanças que esse semestre termine no prazo certo. Só que nessa situação não tem como fazer planos. Cheguei a pensar nisso, mas tenho medo das aulas voltarem e sair prejudicada”, relata. Ante a indefinição das greves, Gabriella pretende viajar nos próximos dias para visitar os familiares. “Ficarei duas semanas no Uruguai”, acrescenta.

Temporário

Durante a paralisação. Matheus Reis, do 7° período de Medicina Veterinária, arranjou uma oportunidade em um hospital veterinário da capital, no entanto, não sabe se conseguirá continuar. “Esse contato com a prática pode me ajudar a arranjar um emprego no futuro. O problema é que não dá para fazer planos de longo prazo com a greve e não sei se conseguirei continuar no estágio. Se for possível, eu pretendo permanecer nem que seja aos finais de semana”, conta.

Há um mês o estudante Dauro Palazzo também conseguiu uma ocupação nos dias em que ficou sem aulas na UFG. Ele trabalha na Federação Goiana de Poker (FGpoker) auxiliando os torneio e eventos da Instituição. “Decidi trabalhar para não ficar à toa durante a paralisação. Eu vou tentar continuar, principalmente porque o emprego é para o período da noite, quando as aulas voltarem. Não sei se vou dar conta. Acho que vai ser cansativo. Se começar a atrapalhar no estudos vou dar preferência para as aulas”, afirma.