Urbanistas defendem marcos

15 de outubro de 2015

Fonte: O Popular

Link da matéria: http://www.opopular.com.br/editorias/cidades/urbanistas-defendem-marcos-1.967820

 

Professores e urbanistas afirmam que cabe ao poder público defender os marcos urbanos, importantes para reconhecimento da cidade pelos cidadãos

 

Terminal de ônibus ocupou toda a Praça A, em Campinas

 

A professora Erika Kneib afirma que é o poder público quem tem de preservar os marcos urbanos e tratá-los como bem comum. “É mais uma rotatória que vai ser cortada na cidade para o benefício dos carros. As pessoas são contra as rotatórias porque elas são mal planejadas e mal sinalizadas”, acredita. Kneib reforça que a perda das praças só beneficia os carros e não melhora em nada a vida dos pedestres. A modificação do espaço urbano faz com que as pessoas deixem de reconhecer a cidade.

Para a arquiteta e urbanista Maria Ester de Souza, quando as pessoas perdem suas referências na cidade elas acabam deixando de conviver com o espaço público, tornando este apenas um lugar de passagem, ou seja, para os carros e não para as pessoas. Muitas vezes, os cidadãos chegam a não reconhecer a cidade sem os equipamentos públicos de referência que passam a ser, então, locais privados, como supermercados, shoppings e outros do gênero.

Também professor da Universidade Federal de Goiás (UFG), o geógrafo Tadeu Arrais cita o urbanista norte-americano Kevin Lynch para afirmar que “uma cidade rica em estímulos sensoriais é aquela que possui muitos pontos marcantes”. As praças são esses pontos, necessários ao espaço urbano, de modo que até mesmo motoristas se sentem melhor ao se locomover junto a praças e parques do que em avenidas retas.

“Pela cidade”

Kneib acredita que a campanha realizada pela internet para salvar a Praça do Relógio tem sentido mais amplo do que apenas impedir a ação, sendo um discurso de mexer na cidade, contra a política utilizada há anos. Ester concorda com ela e se refere a uma política mais ampliada, mais geral do que específica. “É uma campanha pela cidade e a internet tem essa característica, em que as pessoas se colocam a favor do protesto, por se identificarem com esses elementos”, diz.

Sobre a perda da referência local, o secretário de Sustentabilidade Nelcivone Melo salienta que Goiânia é uma cidade jovem em que as referências são recentes e não perenes, de modo que elas podem mudar com o tempo, a partir do surgimento de melhorias para cada região em cada tempo.

Sebastião Nogueira

Terminal de ônibus ocupou toda a Praça A, em Campinas