Chuva afoga Novo Mundo

Data: 27 de outubro de 2015

Veículo: Diário da Manhã

Link direto para a notícia: http://www.dm.com.br/cotidiano/2015/10/chuva-afoga-novo-mundo.htm

Mais de 80 casas danificadas e 10 destruídas. População clama por socorro.

 

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Para alguns, a chuva que caiu em Goiânia na última quinta-feira (22) foi aliviadora, já que refrescou o calor e melhorou a umidade. Para outros, entretanto, causou grande sofrimento. Vários setores e bairros da capital sofreram com quedas de energia, árvores, danos em estabelecimentos, trânsito caótico etc. Mas o Jardim Novo Mundo, em especial, foi muito prejudicado.

Mal chegando ao bairro, a reportagem do Diário da Manhã já pode notar o estado que se encontrava o local: árvores caídas em todas as ruas, telhas e concretos de casas quebrados nas calçadas. Ao conversar com os moradores a equipe se apresentou como jornalistas e eles comemoraram: “vocês precisam nos ajudar, a gente precisa que todos vejam nossos problemas aqui”.

O corpo de bombeiros estava no local, porém algumas árvores com enorme risco de cair (estavam tortas e com a raiz de fora) não podiam ser cortadas enquanto a Agência Municipal de Meio Ambiente (AMMA) não chegasse ao local e desse o aval.

Esses moradores contam com os serviços do Estado como a CELG, Saneago, Comurg, Corpo de Bombeiros. Já os da Ocupação Emanuele, por não serem regularizados, estão sofrendo bastante. Os moradores afirmam que Estado não presta nenhum serviço e que seu braço não alcança a comunidade.

Ocupação Emanuele

Com cerca de 300 famílias, a ocupação foi quem mais sofreu com o dilúvio. Mais de 80 casas foram seriamente danificadas e 10 foram completamente destruídas. Após a chuva, o lugar parecia uma praça de guerra. A destruição foi enorme.

Cremilda Maria Jesus Alves, moradora da ocupação desde seu início, explica com olhos marejados: “Nós aqui precisamos de tudo, precisamos que os governantes deem uma olhada por nós”. Ela explica que a região pertence à União e que o processo de regularização já corre na justiça há quase um ano.

Enquanto o pedido corre, os morados não contam com serviços da Saneago, Comurg e Celg, por exemplo. Cremilda conta que “teve gente que aplicou todo o dinheiro aqui para sair do aluguel, agora perdeu tudo. Dez casas destruídas e algumas famílias não têm parentes para recorrer. Estão no relento. Muitos estão vendo seus sonhos no chão. Muitos não têm como recomeçar”, lamenta a moradora.

A situação poderia (e ainda pode) ser pior, pois existe grande risco de erosão no local. Nos períodos de chuva constante, casas que ficam a beira do precipício podem desmoronar. Felizmente não houve fatalidades e os feridos foram poucos e os ferimentos leves.

Processo na justiça

Francisco Tavares, conhecido pelos moradores como doutor Frank, explica que aquela área foi ocupada em agosto de 2014. “Por mais de 10 anos a região que era da União não cumpria sua função social”. Frank conta que o pedido de regularização fundiária foi feito em novembro do ano passado, mas até o momento não houve o respaldo da justiça.

Apesar da demora, o advogado acredita que até o fim do ano o processo estará concluído ou pelo menos muito bem encaminhado. “A União foi bem favorável ao nosso pedido”, comenta.

Após toda essa estiagem em Goiânia, as chuvas estão voltando. Depois de tanto calor e sofrimento, a chegada da chuva traz medos e incertezas ao invés de celebração para a população do Novo Mundo. Se chover forte, os que estão com casas danificadas podem perder tudo. Lonas com certeza não terão a menor chance.

Essa foi apenas primeira chuva de muitas que virão nos próximos meses. Quando não é a seca castigando o povo, são os temporais. As cidades sempre estão despreparadas para essas calamidades cíclicas que acontecem desde que o mundo é mundo.

No final das contas, soa muito estranho ouvir dona Cremilda dizer: “graças a Deus não vai chover hoje”.

Doações

Um grupo de estudantes e professores da UFG que fazem parte de um projeto de extensão na comunidade fez uma arrecadação de dinheiro e materiais de necessidade imediata. Foram repassadas para alguns moradores pequenas quantidades de telhas e lonas. Os moradores mal dormiram e trabalharam o dia inteiro para reorganizar a área.

Para ajudar:

Leitores que tiverem intenção de ajudar, as necessidades mais urgentes são telhas Eternit, lonas e colchões. Cremilda deixou seu telefone 8510-4073 e 92418912. Todavia, por falta de energia para carregar o celular, entrar em contato pode ser um pouco difícil. O professor e advogado Francisco Mata Machado Tavares, conhecido como Frank, deixou seu endereço eletrônico para quem desejar contribuir e colaborar: franciscotavares@ufg.br

A chegada da chuva traz medos e incertezas ao invés de celebração para a população do bairro

Vários setores e bairros da capital sofreram com a chuva, mas o Jardim Novo Mundo, em especial, foi muito prejudicado

Nos períodos de chuva constante, casas que ficam a beira do precipício podem desmoronar