Alerta contra hipertensão

Data: 30 de outubro de 2015

Veículo: O Popular

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Médicos recomendam atenção à pressão arterial de adolescentes e crianças a partir de 3 anos

 

Cristiano Borges

Plateia do congresso sobre hipertensão em Goiânia: palestras e debates sobre a doença

 

Renato Queiroz

Principal causa de morte cardiovascular no País, a hipertensão é tema do XII Congresso do Departamento de Hipertensão Arterial da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), que acontece no Centro de Convenções de Goiânia até sábado, 31. O evento reúne cerca de mil participantes, com a presença de médicos estrangeiros e especialistas brasileiros renomados. Novidades no tratamento da doença estão sendo debatidas em conferências, palestras e mesas-redondas. O congresso é presidido pelo cardiologista goiano Thiago de Souza Veiga Jardim, filho do médico e professor Paulo César Veiga Jardim, da Faculdade de Medicina da UFG, que será homenageado durante o evento.

Um dos destaques é a abordagem da hipertensão em crianças e adolescentes. A estimativa é que 3 milhões de brasileiros nesta faixa etária sofram com a doença. Para a coordenadora da Liga de Hipertensão Arterial da Universidade Federal de Goiás (UFG), Ana Luiza Lima Sousa, a maior preocupação é que não existe entre os brasileiros e entre os próprios profissionais de saúde a cultura de medir a pressão arterial durante a infância e a adolescência.

“A primeira dificuldade é encontrar nos hospitais públicos e privados aparelhos apropriados, como a braçadeira do tamanho adequado, para aferir a pressão arterial da criança”, explica Ana Luiza. Chamada de “mal silencioso”, a hipertensão arterial, antes exclusividade de adultos, tem feito cada vez mais parte da rotina dos pequenos. O crescimento do número de crianças obesas no País é apontado como uma das causas do fenômeno.

Desde 1992, a Liga de Hipertensão do Hospital das Clínicas da UFG faz um rastreamento nos filhos e netos de hipertensos atendidos no programa. Atualmente são atendidos no local cerca de 100 crianças com alterações na pressão arterial e o número de adultos hipertensos passa dos 2 mil. “Entre filhos de pais hipertensos, é maior a probabilidade de desenvolver o problema no futuro. Nestas famílias, portanto, o acompanhamento dos níveis de pressão arterial da criança deve começar logo cedo”, explica a coordenadora.

Em muitas casos, as hipertensões arteriais em crianças são secundárias a alguma outra doença, mas podem também ser o início precoce da hipertensão essencial do adulto. O alto consumo de sal e alimentos industrializados aliados a uma infância cada vez mais obesa e sedentária são vistos como grandes vilões do quadro. Especialistas afirmam que, para frear esse aumento de pressão alta e tantas outras doenças que começam a aparecer nos consultórios pediátricos, é preciso uma mudança de hábitos com uma alimentação mais saudável e estímulo a atividades físicas.

Doença silenciosa

A hipertensão costuma ser uma doença silenciosa. No caso de crianças, é muito difícil que algum sintoma se manifeste. Por isso, é importante sempre aferir a pressão nas consultas de rotina depois que seu filho completar 3 anos. A hipertensão infantil compromete o funcionamento dos rins e, em casos raros, aproxima doenças graves que só apareceriam na vida adulta, como infarto e acidente vascular cerebral (AVC).