Caminho para a sustentabilidade

27 de novembro de 2015

Fonte: O Popular

Link da matéria: http://www.opopular.com.br/editorias/economia/caminho-para-a-sustentabilidade-1.996119

 

Integração de atividades cria sinergia capaz de promover equilíbrio ambiental e econômico

 

Fazenda Boa Vereda ganhou dois prêmios nacionais este ano: sustentabilidade reconhecida

 

Existe um modo de intensificar a produção agrícola para atender à crescente demanda por alimentos com sustentabilidade econômica e ambiental? Para pesquisadores que se debruçam sobre essa questão há, por enquanto, uma única saída, a integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF). Esse sistema, baseado em atividades realizadas de forma simultânea, em sucessão ou rotação, ainda é considerado novo do ponto de vista do conhecimento científico, mas já apresenta provas consistentes de sua eficiência.

Para Flávio Jesus Wruck, pesquisador da Embrapa, até o momento esse é o tema que dá mais segurança em relação à sustentabilidade e à competitividade do agronegócio. “O sistema é visto com simpatia tanto pelos produtores quanto pelos ambientalistas. A pressão em relação à conservação do meio ambiente é cada vez maior. Todo mundo pode acompanhar, pelas imagens de satélite, como os alimentos estão sendo produzidos aqui. Os compradores europeus estão nos monitorando”, avisa.

Saída pela integração

Proprietário da Fazenda Boa Vereda, de 250 hectares, em Cachoeira Dourada, o produtor rural e também pesquisador da Embrapa, Abílio Rodrigues Pacheco, se viu em meio a uma concentração de cinco usinas de açúcar e etanol ao redor de sua propriedade, cada uma delas ocupando uma área em torno de 50 mil hectares.

Com pastos degradados, sua produtividade na pecuária de corte era baixa, entre 3 e 4 arrobas de carne por hectare/ano, ante 7 arrobas por hectare/ano da média nacional. Esse desempenho proporcionava uma renda de aproximadamente R$ 350 por hectare ano, em valores atualizados.

A maioria de seus vizinhos preferiu arrendar suas terras para as usinas, recebendo para isso entre R$ 800 e R$ 1 mil, por hectare/ano, uma remuneração ainda maior que a proporcionada pelo cultivo da soja, que rende, em média, R$ 600,00 por hectare/ano. Abílio não queria dar o mesmo destino às suas terras, que são valorizadas, mas rendiam pouco. Por isso, há 10 anos procurou uma alternativa mais lucrativa.

Há oito anos decidiu investir na iLPF e deu início ao processo que mudou drasticamente o perfil produtivo de sua propriedade e passou a proporcionar lucros muito maiores que de seus vizinhos que arrendaram as terras para o cultivo da cana-de-açúcar (leia matéria correlata). Esse foi o início de uma experiência bem-sucedida que está servindo de exemplo para outros produtores, já foi tema para quatro dissertações de mestrado e duas teses de doutorado, além de servir como fonte de conhecimento para várias instituições de ensino e pesquisa.

A adoção da ILPF na propriedade de Abílio Rodrigues inspirou a elaboração do projeto Da Viabilidade Econômica à Sustentabilidade, elaborado por ele, pela professora Francine Neves Calil da Escola de Agronomia da Universidade Federal de Goiás (EA/UFG) e pela aluna Luanna Elis Guimarães. O trabalho foi um dos vencedores do prêmio von Martius de Sustentabilidade 2015, promovido pela Câmara da Indústria e Comércio Brasil-Alemanha.  

A Fazenda Boa Vereda também se destacou no 2º Prêmio Fazenda Sustentável, promovido este ano pela revista GLOBO RURAL e parceiros. Foi classificada entre as Top 10 da sustentabilidade no Brasil. “A sustentabilidade é o grande lance. É isso que me estimula como cientista e produtor rural.”