Previsão é de mais temporais

26 de novembro de 2015

Fonte: O Popular

Link da matéria: http://www.opopular.com.br/editorias/cidades/previs%C3%A3o-%C3%A9-de-mais-temporais-1.995160

 

Fatores como El Niño provocam ventos e chuvas fortes, condições que se repetirão na primavera e no verão

 

De repente, o dia fica escuro. A nuvem da tempestade quase faz anoitecer no meio da tarde. Ela chega acompanhada de ventania, clarões no céu e estrondo dos trovões. As pancadas de chuva costumam ser rápidas, mas são suficientes para provocar quedas de árvore, alagamentos e falta de energia elétrica. Um cenário que tem assustado, causado transtornos aos goianienses e que, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), será mais comum e intenso neste resto de primavera e durante todo o verão em Goiás.

“Será um período com mais temporais, raios, rajadas de vento e chuvas de granizo”, diz a Chefe do Inmet Goiás e Tocantins, Elizabete Alves Ferreira. Segundo a especialista, as pancadas violentas de chuva ocorrem por conta da associação de três fenômenos: as altas temperaturas provocadas pelo El Niño, o corredor de umidade que vem da Amazônia e a frente fria vinda do Oceano Atlântico.

Juntos, os três fenômenos contribuem para a formação das nuvens cumulus nimbus (veja quadro), responsáveis pelas tempestades. Por conta da previsão de cumulus nimbus, esta semana o Inmet divulgou um aviso para quatro regiões do Estado, alertando para o risco de incidência de descargas elétricas, chuvas de granizo e alagamentos provocados por precipitações intensas no Sul, Norte, Leste e Centro goiano, além de regiões do Tocantins e Minas Gerais. “O alerta é até amanhã (hoje), podendo ser renovado caso a instabilidade do tempo permaneça”, avisa a chefe do Inmet.

As colunas de nuvens escuras e carregadas são típicas do verão, segundo a climatologista Juliana Ramalho Barros, professora da Universidade Federal de Goiás (UFG). Mas o El Niño, fenômeno causado pelo superaquecimento das águas do Oceano Pacífico, está intensificando a ocorrência de cumulus nimbus em Goiás. “Elas estão ocorrendo quase todos os dias e você pode ver que é uma chuvarada com muita água e muito raio, mas passa rápido.”

Para Juliana, em termos de quantidade de chuvas, o El Niño não é ruim para a Região Centro-Oeste. “Em todos os anos que eu observei, não houve por aqui secas como no Nordeste, ou redução de chuvas como no Norte. A região recebe a umidade que vem do Sul. O problema é que as chuvas podem ser mal distribuídas, com duas semanas de temporais e inundações, depois fica seco outras duas semanas”, avalia.

Outro problema, segundo a climatologista, é que as cidades não estão preparadas para as chuvas do El Niño. “Até as áreas novas não são pensadas para o escoamento de águas pluviais. O solo e até mesmo o subsolo são muito impermeabilizados.”

Uma pesquisa divulgada pelo Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), aponta que o fenômeno do verão 2015/2016 deverá ser o terceiro mais forte desde o início da medição, em 1950. “Quanto maior o aquecimento das águas do Pacífico equatorial, mais intenso e durador serão os efeitos do El Niño”, diz o coordenador do Elat/Inpe, Osmar Pinto Júnior.

De acordo com o pesquisador, o Centro-Oeste deverá ter um aumento de mais de 10% na quantidade de tempestades, em comparação ao verão passado. No Hemisfério Sul, a estação do calor e das chuvas começa no dia 21 de dezembro e termina em 20 de março.