Destruição em ritmo frenético

Data: 28 de novembro de 2015

Fonte/Veículo: O Popular

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Agora é oficial! Metade do Cerrado está desmatado no Brasil. Dados divulgados pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) mostram que o bioma perdeu quase 50% da cobertura nativa. O mapeamento, feito pela tecnologia Terraclass Cerrado 2013, por meio da análise imagens de satélite, também mostrou que o desmatamento em Goiás é de quase 60%, com um agravante: os 41,8% remanecentes estão em áreas muito fragmentadas. A redução da vegetação e fragmentação impactam na perda da biodiversidade, no ciclo hidrológico de importantes bacias brasileiras e facilita a ocorrência de queimadas.

Coordenado pelo MMA, o Terraclass Cerrado, foi feito em parceria com diversas instituições, entre elas a Universidade Federal de Goiás (UFG). Na UFG, as análises foram conduzidas pela doutora em geografia Elaine Barbosa da Silva, pesquisadora do Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento (Lapig) do Instituto de Estudos Sócio-Ambientais (Iesa). Para a especialista, os dados são alarmantes e mostram que é preciso melhorar e ampliar as áreas de preservação, além de delimitar onde a fronteira agrícola não deve entrar.

“Grande parte dessa vegetação está fragmentada e em regiões declivosas, onde a tecnologia agrícola encontra mais dificuldade. Juntando as áreas de mais difícil acesso e os parques, chegamos a esses números. Considerando um bioma de mais de 2 milhões de quilômetros, ainda há muito o que se preservar”, explica a especialista.

Para Elaine, o que mais chama a atenção é o ritmo intenso da destruição, pois a região central do Brasil só se tornou uma fronteira agrícola amplamente explorada a partir da década de 1970. “Temos que levar em consideração que a Mata Atlântica gastou quase 500 anos para chegar a esse estágio de degradação. O Cerrado, apenas 40 anos”, alerta.

Sem citar números, a especialista afirma que o desmatamento avançou em Goiás, em comparação aos dados de 2002, mas o aumento não é tão intenso quanto nas áreas de borda. “O Estado foi uma das primeiras áreas onde ocorreu a expansão agrícola. Principalmente no sudeste goiano, as melhores áreas para a agropecuária já estão ocupadas. Há vegetação remanescente no Norte e Nordeste, mas estão em terrenos mais declivosos e ainda não são aptos à mecanização”, avaliou.

Elaine afirma que, nos últimos 10 anos, a pressão e desmatamento da vegetação remanescente aumentou principalmente na região chamada de Matopiba (Maranhão-Tocantins-Piauí-Bahia), que forma a nova expansão da fronteira agrícola do Cerrado, e no Mato Grosso, próximo ao limite do bioma com a Amazônia. “Apesar de termos áreas de pastagens degradadas que poderiam ser usadas para a expansão da agricultura, isso não está ocorrendo. O que temos é a expansão agrícola em áreas remanescentes”, diz.

A tecnologia do Terraclass já é aplicada na Amazônia e passou a ser utilizado também no Cerrado, com base em dados de 2013, e deverá ser atualizado a cada dois anos. A previsão do ministério é estender a metodologia para os demais biomas. O levantamento também contou com a participação do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e Universidade Federal de Uberlândia (UFU).