“Igrejas-negócios têm lógica econômica”

Data: 03 de janeiro de 2016

Fonte/Veículo: O Popular

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Revisar a legislação que garante isenção tributária a igrejas é uma medida de urgência, diz o professor Flávio Munhoz Sofiati, doutor em Sociologia e pesquisador da Faculdade de Ciências Sociais (FCS) da Universidade Federal de Goiás (UFG).

03/01/2016 06:00

 

Cleomar Almeida

 

As igrejas evangélicas são as que mais crescem em Goiânia. Por quê?

No catolicismo tem a paróquia que se renova com novas comunidades, mas novas igrejas são potencialmente maiores no segmento evangélico, principalmente pentecostais e neopentecostais. O segmento evangélico tem uma religiosidade mais autônoma.

 

Goiânia tem alguma característica específica?

O Censo de 2010 já mostrou que o percentual de evangélicos em Goiânia é maior que o da média nacional. A capital é um dos principais berços de criação de novos segmentos evangélicos que depois se estenderam para o Brasil. É assim também no Rio de Janeiro (RJ) e em Porto Alegre (RS). Sara Nossa Terra, Videira e Fonte da Vida são três igrejas que nasceram em Goiânia e estão em expansão no Brasil e também na Europa e América do Norte. O crescimento é grande e corresponde um pouco ao censo.

 

O senhor acredita que o número de evangélicos em Goiânia pode aumentar mais no próximo censo?

Em Goiânia pode ser que aumente o porcentual de evangélicos, mas não tão acelerado como nos últimos 20 anos. Nacionalmente, especialistas apontam que o patamar de evangélicos deve se manter estável.

 

Esse movimento é liderado pelas neopentecostais?

Em geral, a visão que a gente tem das igrejas neopentecostais é de que atendem mais às classes populares, mas, em Goiânia, existem aquelas voltadas para a classe média. Não são igrejas inseridas nos rincões e o perfil do público não é de pobres e miseráveis. No entanto, existem também igrejas mais focadas nas classes populares, que aspiram a uma ascensão social.

As igrejas em células reforçam estratégias de crescimento?

Células servem para organizar a igreja, uma ideia que surgiu no Oriente e que algumas igrejas usam muito bem. É uma forma de organização específica, uma estratégia de crescimento da igreja no mercado de bens e salvação.

 

A legislação que garante isenção tributária a igrejas deve ser revisada?

A lei precisa ter renovação. As normas para criação de novas igrejas é bem antiga e o campo religioso mudou muito. As regras atuais não são mais suficientes para se legislar sobre essas religiões e não são capazes de legislar sobre as igrejas-negócios, que atuam com marketing e também numa lógica econômica. É um ramo da economia.