Em apenas um dia, sete pessoas são esfaqueadas

Data: 9 de janeiro de 2016

Fonte/Veículo: O Popular

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Casos ocorreram em Goiânia, Aparecida e Senador Canedo. Uso de arma branca tem crescido

09/01/2016 06:00

 

Andréia Bahia

 

Sete pessoas foram esfaqueadas ontem em pontos diversos da região metropolitana; três morreram. Um morador de rua ainda não identificado foi morto com sete facadas no centro de Aparecida de Goiânia e, em Senador Canedo, dois homens foram mortos a facada cerca de 600 metros de distância um do outro, no Setor Monte Azul.

A arma denominada branca também foi usada em uma discussão no Jardim Goiás, em Goiânia, deixando um homem com um ferimento nas nádegas. Também na capital, dois homens foram esfaqueados no abdômen na Avenida Francisco Araújo, no Setor Urias Magalhães, e outro foi atingido no abdômen e no braço no cruzamento da Avenida Independência com 5ª Avenida no Setor Leste Vila Nova.

Os esfaqueamentos de ontem vêm se somar aos dez casos noticiados pelo POPULAR nos últimos 30 dias, sendo o último o do jovem de 20 anos esfaqueado no Parque Vaca Brava, no Setor Bueno, em Goiânia, em uma tentativa de assalto ocorrida no dia 5. No dia 25 de dezembro, no Bairro Alvorada, em Senador Canedo, um homem foi esfaqueado em uma tentativa de assalto e no dia dez do mesmo mês outro homem havia sido atingido com golpes de faca após reagir a uma tentativa de assalto na Vila Mutirão, em Goiânia.

De acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP) o uso de arma branca em homicídios tem crescido em Goiânia. De 2014 para 2015 passou de 11,29% para 15% dos homicídios. Considerando que a faca é menos letal que a arma de fogo, é provável que as tentativas de homicídio com arma branca apresentem um crescimento ainda mais significativo, mas o dado não faz parte da estatística da SSP.

No Brasil, as mortes provocadas por armas brancas correspondem a quase 16% dos homicídios no País, segundo o último Mapa da Violência que registra informações do ano de 2013. Em 2003 representavam 13, 3%. Em Goiás, esse porcentual era de 18% em 2013.

Na opinião da socióloga Dalva Borges, que integra o Núcleo de estudos sobre Criminalidade e Violência (Necrivi), da Universidade Federal de Goiás (UFG), os locais que aumentaram a repressão sobre a arma de fogo viram aumentar o uso da arma branca. “Estados como São Paulo, onde o estatuto do desarmamento é melhor cumprido, houve um migração da arma de fogo par a faca”, relata. E a explicação para essa mudança está na facilidade de se conseguir e de portar uma faca, afirma a professora.

Além disso, carregar uma faca não é crime, de acordo com o Código Penal. “E coibir o porte de faca é mais difícil”, observa Dalva. O aumento dos crimes com faca levaram os deputados a desarquivar um projeto de lei de 2004 que proíbe de carregar faca nas ruas. A proposta está sendo analisada na Comissão de Constituição de Justiça.

O uso de faca é mais comum em crimes domésticos, observa Dalva, e quase nunca era usado em latrocínios e assaltos. No último mês, pelo menos quatro pessoas foram vítimas de tentativas de assalto com facas. Um taxista morreu depois de ser atingido por dois golpes de faca em uma tentativa de assalto no bairro Boa Vista, em Senador Canedo no dia 20 de dezembro. As outras três pessoas esfaqueadas sobreviveram.

O aumento dos assaltos com faca reflete também o crescimento da criminalidade violenta, observa a socióloga. “A pessoa que antes furtava passou a roubar usando uma faca”, explica. A faca é também a arma mais utilizada por pessoas menores de 18 anos.